Carlos José foi assistente de Abelardo por mais de 25 anos
"Meu avô estava muito entusiasmado com esse projeto. Ele fez questão de montar a engrenagem que faz a estrela do sol girar em 360º e vibrou quando terminou a escultura", conta o professor universitário Rodrigo da Hora, 46 anos. O modelo feito em concreto possui pouco mais de um metro de altura. Mas a escultura final, pensada para a entrada do Porto do Recife, deveria ter mais de oito metros. "Ele apresentou a proposta à Prefeitura do Recife, que ficou bastante interessada. Estava elaborando o orçamento final do trabalho para poder apresentá-lo", explica Rodrigo.
Como o modelo já está finalizado, a obra pode ser concretizada sem perder os traços do seu criador, através da impressão 3D que possibilitaria a confecção de um molde em maior dimensão. Desde o início da carreira, Abelardo da Hora fazia questão de participar de todo o processo do seu trabalho e preferia confeccionar seus moldes manualmente, utilizando o gesso. Mas, no início do ano, após ser convencido que a impressão em 3D é uma ferramenta que facilita o artista e não altera o seu trabalho, Aberlardo se rendeu à tecnologia. O molde da escultura "O artilheiro", inaugurada no último dia 31 julho na Arena Pernambuco, foi o primeiro trabalho em que o artista pernambucano usou o equipamento.
Em frente ao busto de Gregório Bezerra, uma estrutura de madeira já estava montada para receber mais uma das mulheres de Abelardo, conhecidas pelos seios fartos e quadris avantajados. O protótipo, com um pouco mais de 30 cm, foi deixado estrategicamente em um lugar visível, para onde Abelardo pudesse olhar enquanto esculpia A sua "última deusa", chamada por ele "Mulher Reclinada", foi concluída há cerca de dois mesesO GRANDE SONHO - Abelardo da Hora tinha o desejo de dividir com outros sua paixão pela arte. Um dos seus grandes sonhos era ver funcionando o Instituto Abelardo da Hora, que deveria oferecer muito mais do que uma exposição permanente do artista. O projeto, assinado pelo amigo e arquiteto Carlos Augusto Lyra, prevê a construção de salas para a realização de cursos gratuitos de artes plásticas. O terreno, comprado há 10 anos pelo próprio Abelardo, localiza-se atrás do ateliê. "Ele acreditava que o instituto ajudaria a revelar novos artistas", conta Rodrigo da Hora. O Instituto já possui empresa jurídica, mas o projeto ainda não saiu do papel por falta de recursos.
O terreno do Instituto, comprado há 10 anos pelo próprio Abelardo, está atrás do ateliê