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Santa Cruz tem histórico em renascer das próprias cinzas

NE10
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Publicado em 18/10/2012 às 18:57
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A gangorra que o Santa Cruz carrega na Série C faz dessa campanha cheia de altos e baixos uma verdadeira maratona cardíaca para seus torcedores. Mas só para os jovens. Quem já conta com alguma estrada no José do Rego Maciel sabe que essa é a cara do time: entra confiante, se atrapalha, pisa na bola, as arquibancadas vivem às turras com o técnico mas... Na reta final, o time encaixa quase por encanto e toma o rumo de um tratador descendo ladeira abaixo. Aí de quem aparecer na frente. Foi assim nos campeonatos pernambucanos de 1983 e 1993. E repetiu-se na Série B de 1999. O Santa gosta de contrariar. Como se a descrença - inclusive de seus seguidores - acendessem um rastilho de pólvora.

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Protagonistas de cada uma dessas ocasiões, Zé do Carmo, Charles Muniz e Nereu Pinheiro apontam o mesmo caminho. Quando a torcida troca os muxoxos pelo 'E eu não paro/Não paro não...' cada um tira força de onde não tem. "Meu amigo, quando a torcida entra em campo...", diz o eterno capitão Zé do Carmo, sem completar a frase que nem precisa ser completada para entender o sentido.

Zé, inclusive, classifica o torcedor coral como termômetro e reconhece que no momento todos estão muito ressabiados. Mesmo assim aposta sem pestanejar. "Se tiver no mínimo 30 mil pessoas no jogo de sábado e a partir do começo do jogo houver um clima de confiança ela faz o resultado. E da maneira que Zé Teodoro trabalha não tem como não ser de outra forma", avaliou.

Só que esse clima de confiança é uma via de mão dupla. Por isso, ele pede desculpas, reconhece o trabalho mas não titubeia e rechaça desculpas como 'Eles vêm para jogar atrás' 'É o líder do campeonato'. "Não tem essa não. Tem que ir pra cima dos caras!" E se a classificação no G4 se concretizar, saiam de baixo. "Aí é um rolo compressor".

Charles Muniz era o técnico na maior virada da história do clube das três cores. Mas essa memória virá daqui a pouco. O tempo verbal é o presente. E Charles segue a linha de raciocínio de Zé do Carmo nos dois pontos principais: torcida e reta final acachapante. "O time tem que levar a torcida a acreditar. Conseguindo isso eles se classificam e vão entrar muito fortes no mata-mata", diz.

O ex-comandante coral também teoriza em cima de um dito popular: 'O que não mata fortalece'. Para ele, as ameaças de alijamento precoce da competição, as vaias da torcida e as alterações mirabolantes do técnico são a cota de sofrimento para a Série C. De tanto apanhar e permanecer de pé, o time não temeria mais nada que viesse pela frente. "Classificando, o Santa Cruz iria para o mata-mata num momento psicológico muito forte, pois sofreu tudo que tinha para sofrer. O que vier, a partir de agora, é lucro", acredita.

A situação de Nereu Pinheiro como técnico em 1999 era quase um clone da atual. O tricolor precisava vencer o Sampaio Correa para avançar á segunda fase da Série B. Conseguiu e arrancou para o acesso com o vice-campeonato. Detalhes da campanha a seguir porque a hora é de Nereu dar o seu parecer. E para ele existe sim uma aura mística que impulsiona os corais na hora decisiva. "Acho que existe essa mística no Santa Cruz, sim. Quanto todo mundo pensa que ele está na pior se recupera e vira o jogo", aponta.

Nereu, atualmente treinando o Olinda, na Série A2, acredita que o grupo atual tem tudo para repetir o feito de Arley, Marcílio, Nilson e companhia. "Tem um bom elenco, um grande treinador e a torcida a gente não pode negar que é muito forte. De repente ele encaixa e dispara", acredita.

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