1993

Uma epopéia em sete minutos

NE10
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Publicado em 18/10/2012 às 19:02
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Dez anos depois do terceiro supercampeonato, o Santa conquistaria o título estadual numa partida que muita gente demorou 24 horas para acreditar que tudo aquilo relatado pelas rádios e jornais realmente acontecera. Em resumo, o tricolor perdia por 1x0 até os 38 do segundo tempo quando o adversário jogava pelo empate. Empatou, virou, segurou o jogo na prorrogação e finalmente levou a taça para o armário.

O Náutico venceu o primeiro turno e praticamente ficou de camarote assistindo tricolores e rubro-negros engalfinhando-se pela segunda vaga na final. Capitaneados pelo já veterano atacante Washington, os corais ficaram com a segunda fatia do bolo e o Clássico das Emoções decidiria a competição.

Como o Clube das Multidões tinha melhor campanha, jogava por dois empates. No primeiro jogo, no entanto, o Náutico reverteu a vantagem ao vencer por 1x0, gol do ponteiro Lau. Apesar da derrota, o clima era de confiança para a segunda partida. Afinal, Washington marcara 22 gols, isso sem disputar a competição desde o início. Mas os ventos sopararam contra e o atacante foi expulso aos 39 do primeiro tempo. Além da queda, coice. Aos 46, Paulo Leme, exímio cobrador de falta, pôs os de vermelho e branco na vantagem.

Tudo que poderia acontecer de ruim aconteceu naqueles sete minutos. Esse foi o pensamento do então técnico Charles Muniz, que revelou não ter feito nada de excepcional no vestiário. "As mudanças táticas foram simples. Fizemos a recomposição no meio de campo e alertamos para a marcação em Cafezinho (lateral-direito) e Paulo Leme. Lembrei a eles que os atos são mais importantes que os fatos. A atitude deles no segundo tempo seria muito mais importante do que tudo que aconteceu e o que tinha para acontecer contra nós já tinha acontecido", algo que ele acredita se encaixar no panorama atual da Série C.

O time voltou para o segundo tempo tranquilo, mas gol que é bom, nada. Torcedores abandonavam o estádio. Aos 38 minutos, Fernando empatou. Um arrastão na Avenida Beberibe na direção do José do Rego Maciel era a senha de que nem tudo estava perdido. O goleiro Marcelo, anos depois, revelou olhar para as escadarias do anel superior e ver a massa humana retornando. Aos 44, o zagueiro Parreira tentou cortar uma bola de peixinho e furou bisonhamente. Célio ficou com a sobra e bateu rasteiro, no canto.

Na prorrogação, jogadores do Náutico choravam do outro lado do campo. Foi só esperar o fim dos 30 minutos para comemorar. Azar de quem não voltou ou desligou o rádio aos 35 do segundo tempo. (W.P.)

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