MEDICINA

Alzheimer: Primeiro exame de sangue a avaliar risco da doença chega ao Brasil

Teste não conclui diagnóstico, mas pode auxiliar médico na tomada de decisões nos casos de demência leve

Pedro Lima
Pedro Lima
Publicado em 17/05/2022 às 21:03
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FREEPIK/BANCO DE IMAGENS
Idoso com Alzheimer recebendo cuidados FOTO: FREEPIK/BANCO DE IMAGENS
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No início do mês de maio, chegou ao Brasil o primeiro exame de sangue para detectar o risco de Alzheimer, um dos principais tipos de demência. Ele busca traços da proteína beta-amiloide, que se acumula no cérebro de quem tem a doença.

O teste já foi aprovado nos Estados Unidos há um mês e foi trazido ao Brasil pela Dasa - empresa do segmento de saúde. No momento, a recomendação é para pessoas com comprometimento cognitivo leve, com suspeita de demência.

Um a cada três indivíduos nessa situação, em sua grande maioria idosos, apresentam pequenos esquecimentos, dificuldade de concentração e outros lapsos que progridem para o Alzheimer.

“Ele não fecha o diagnóstico, mas pode colaborar na conduta médica e evitar a realização da punção lombar para coleta do líquor, exame mais invasivo que é usado hoje para estimar os níveis das placas amiloides", conta Gustavo Campana, diretor médico da Dasa.

A novidade não tem (ainda) cobertura pelos convênios, a novidade é oferecida sob prescrição médica na rede de laboratórios, no valor de cerca de R$ 1,5 mil.

Como é feito e para que serve o exame

A ideia deste novo método é que substitua procedimentos mais complexos por métodos menos invasivos. A exemplo da biópsia líquida, que ajuda a flagrar recidivas de câncer ao mostrar fragmentos de DNA tumoral.

A tecnologia deste exame é a espectrometria de massas. "Trata-se de uma evolução tecnológica disponível há alguns anos, que permite enxergar moléculas em pequena concentração no sangue ou em outras amostras biológicas", relata Campana.

Para os casos de Alzheimer, a máquina tem a programação para detectar duas frações da proteína beta-amiloide - a 40 e a 42 - e só então, calcular a razão entre elas.

A neurologista Renata Faria Simm conta que "A beta-amiloide é considerada o principal biomarcador da doença de Alzheimer". Além disso, ela confirma que proteínas TAU, também estão envolvidas na progressão da doença.

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Qual é a precisão do teste?

Em pesquisas conduzidas com a nova metodologia, com cerca de 200 pacientes demonstrou uma sensibilidade de 71% em flagrar indivíduos com alterações no PET-Scan, um modo de tomografia utilizado para confirmar o diagnóstico de Alzheimer.

Sendo assim, a cada 100 indivíduos com o cérebro comprometido pela doença, 71 seriam encontrados pelo exame.

Os resultados com maiores detalhes não foram publicados, estão agendados para julho, no Congresso Internacional de Alzheimer 's Association (AAIC), que ocorre na Califórnia.

A importância do diagnóstico

Com a expectativa de vida cada vez maior, a medicina tem procurado meios de prevenir e, se necessário, corrigir falhas da mente que são naturalmente surgidas com o envelhecimento.

Em algumas situações, esses comprometimentos iniciais podem significar uma demência tratável. "É importante fazer essa diferenciação cedo, porque elas têm tratamentos diferentes, e o próprio Alzheimer logo terá medicamentos que poderão ser usados nesse estágio inicial", diz Renata.

Como é o diagnóstico hoje

A grande parte dos casos é diagnosticada de acordo com os sintomas, normalmente há um declínio da memória recente, em que o paciente piora progressivamente e lentamente.

A partir das queixas, o médico especialista - neurologista, psiquiatra ou geriatra - procede a testes funcionais para averiguar o grau de comprometimento. Auxiliado com uma imagem do cérebro, via ressonância magnética ou tomografia e exames de sangue que podem descartar outras alterações não-neurológicas.

*Com informações da Veja Saúde

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