Olinda

Em Rio Doce, vizinhos não desconfiavam de canibais

Mayra Cavalcanti
Mayra Cavalcanti
Publicado em 11/11/2014 às 13:45
Leitura:

Casa se mantém semelhante ao que era em 2008, quando o crime foi realizado / Foto: Mayra Cavalcanti/NE10

Casa se mantém semelhante ao que era em 2008, quando o crime foi realizado Foto: Mayra Cavalcanti/NE10

É numa rua tranquila, estreita e de pedregulhos, na 5ª etapa de Rio Doce, em Olinda, que fica a casa 127a. Não fossem os acontecimentos de seis anos atrás, em nada ela se diferenciaria das demais. Quintal em formato de "L", com um primeiro andar de tijolo aparente. Um portão de cor verde e um muro também com os tijolos à mostra separa o seu interior, palco de um terrível crime, do exterior. Lá viviam Jorge Negromonte, Bruna Cristina e Isabel Cristina.

ESPECIAL:
Entenda o caso dos canibais

Ossos foram encontrados na casa em 2012, durante as investigações

Ossos foram encontrados na casa em 2012, durante as investigaçõesFoto: Igo Bione/JC Imagem

Seis anos após o crime, a vizinhança continua desacreditada que o trio matava, esquartejava e comia a carne das suas vítimas. A primeira delas, inclusive, teria sido morta naquele local. Uma moradora que preferiu não se identificar relata que o trio era calado, tranquilo. Vizinhos aparentemente normais, que cumprimentavam todos quando passavam. Ela conta que Jorge se dizia "um homem com três mulheres", se referindo a Isabel e Bruna, sua esposa e amante, respectivamente, e a uma criança de cinco anos, filha de Jéssica Camila (vítima dos canibais).

"Todos sabiam que eles viviam juntos, os três. Quanto à mulher que mataram, eu nunca cheguei a vê-la. O que eu via muito era Isabel andando com a menina pequena. Eles eram carinhosos com ela. Não tenho o que dizer deles", declara a vizinha. A dona de casa Maria Lúcia, de 57 anos, também não suspeitava de Jorge, Bruna e Isabel. Ela afirma que tinha uma boa relação com Isabel e que ela já a havia chamado várias vezes para ir à casa dela, convite que Maria aceitou por duas vezes.

Vizinhança comum não desconfiava dos crimes

Vizinhança comum não desconfiava dos crimesFoto: Mayra Cavalcanti/NE10

"Nos dois casos passei pouco tempo. Ela me dizia que queria mostrar roupas que estava vendendo. Nas duas vezes em que estive lá, não vi nem Jorge, nem Bruna. Eles não falavam com ninguém", relata. Lúcia, assim como a outra vizinha do trio, nunca chegou a ver Jéssica. "Do dia para a noite eles apareceram com a criança. Eu perguntei a Isabel de quem era e ela disse que era de um caso antigo de Jorge", acrescentou.

De acordo com Maria, Jorge vivia andando de mãos dadas com Bruna e não fazia o mesmo com Isabel. "Os dois (Jorge e Bruna) não olhavam pra ninguém, não falavam com ninguém. Isabel era diferente, era mais comunicativa. Por isso acho que era realmente ela quem atraía as mulheres", diz. Aos moradores do local, ficou a perplexidade.

Mais lidas