Em órbita

Sonda da Nasa se prepara para último rasante sobre Dione, uma das luas de Saturno

Rafael Paranhos da Silva
Rafael Paranhos da Silva
Publicado em 14/08/2015 às 17:42
Leitura:

No último sobrevoo sobre Dione, os instrumentos da sonda vão coletar mais informações sobre seu campo gravitacional e assim melhorar o conhecimento dos cientistas / Foto: Nasa

No último sobrevoo sobre Dione, os instrumentos da sonda vão coletar mais informações sobre seu campo gravitacional e assim melhorar o conhecimento dos cientistas Foto: Nasa

Há mais de dez anos na órbita do sistema de Saturno, bem mais que os quatro anos originalmente previstos para durar sua missão, a sonda Cassini, da Nasa, se prepara para fazer seu quinto e último voo rasante pela gelada lua Dione. Às 15h33 desta segunda-feira (14) (horário de Brasília), a sonda vai passar a apenas 474 quilômetros da superfície de Dione, na sua última chance de encontrar sinais evidentes de atividade geológica nesta lua antes de deixar o plano equatorial do planeta, onde está a grande maioria de seus satélites naturais, rumo ao seu espetacular fim.

Após visitar outras luas até o fim deste ano, uma série de manobras colocará a Cassini em uma órbita polar ao fim de 2016, a partir da qual ela executará vários ousados “mergulhos” na região entre Saturno e seus anéis até ser deliberadamente lançada na atmosfera do planeta e destruída quando seu combustível estiver próximo de acabar, em setembro de 2017. O objetivo é garantir que ela eventualmente não caia em luas como Titã e Encélado, dois locais onde a vida como conhecemos também pode ter se desenvolvido em nosso Sistema Solar, e as “contamine”.

Mas até lá a Cassini ainda tem muito trabalho pela frente. No último sobrevoo sobre Dione, os instrumentos da sonda vão coletar mais informações sobre seu campo gravitacional e assim melhorar o conhecimento dos cientistas sobre sua estrutura interna e como ela se compara às de outras luas de Saturno. Além disso, suas câmeras e espectrômetros vão poder observar de perto a região do polo Norte da lua, obtendo imagens e dados com resolução de apenas uns poucos metros. Os espectrômetros da Cassini também vão mapear áreas em que rasantes anteriores identificaram anomalias térmicas que seriam indícios de atividade geológica corrente sob a crosta gelada de Dione, capturando o calor emanado de seu interior.

"Dione tem sido um enigma, dando pistas de processos geológicos ativos, inclusive uma atmosfera transiente e evidências de vulcões de gelo, mas nunca encontramos uma arma fumegante", diz Bonnie Buratti, integrante da equipe de cientistas da missão junto ao Laboratório de Propulsão a Jato da Nasa (JPL), na Califórnia, em referência à falta de sinais evidentes desta atividade até agora. Este quinto sobrevoo de Dione será nossa última chance.

Mais lidas