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Faça login ou cadastre-seMoara chegou a Tel Aviv, capital de Israel, à meia noite de domingo, e ficaria na cidade apenas de passagem Foto: Reprodução/ Facebook
“Logo no início, uma dupla do serviço de segurança me informou que eles já haviam decidido que eu seria deportada. Que eles sabiam que eu havia, em visitas anteriores à Palestina, participado de protestos contra a ocupação. Os soldados haviam tirado fotos dos protestos e haviam me identificado. Disseram que isso era muito, muito grave”, conta Moara.
Moara se mudou este ano para Portugal e integra o Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos e Luta pela Paz (Cebrapaz), organização civil contrária à ocupação da Palestina por Israel. Ela contou à reportagem que já esteve em protestos contra a ocupação para escrever sobre essas manifestações.
A pesquisadora disse que no aeroporto foi submetida a revistas e interrogatórios e que o serviço de imigração de Israel chegou a propor uma negociação: “Disseram que, se eu cooperasse, eles repensariam a decisão. A cooperação significava passar contatos de palestinos, informações sobre cada lugar em que eu estive na Palestina e a senha do meu celular. Eu imagino que para tentar pegar contatos de palestinos. Eu me recusei e disseram que só me restava esperar”. Moara esteve na Palestina em ocasiões anteriores para pesquisar sobre a cobertura da mídia da questão palestina.
Depois de sair do aeroporto, a brasileira foi encaminhada para um centro de detenção de imigração. “Fiquei trancada em um quarto com cinco beliches e um banheiro. Eles traziam comida e nos deixaram sair até o pátio por 10 minutos. Enquanto estive lá, eles nos deixaram sair duas vezes”, descreveu. Nesse lugar, ela conheceu uma australiana que estava sendo deportada sob a mesma alegação. “Isso acontece sistematicamente com vários ativistas que demonstram solidariedade à Palestina. O fato de serem ativistas de inúmeros países merecia um pedido de esclarecimento por parte dos governos desses países. O fato de uma pessoa protestar não deveria ser uma questão de ameaça”, disse a pesquisadora. “Além de frustrante, a situação inteira foi muito tensa”, acrescentou.
Os dois passaportes da pesquisadora (um do Brasil e outro de Portugal) foram carimbados informando a proibição da entrada dela em Israel. Segundo Moara, uma agente de segurança disse que a proibição vale por 10 anos, prazo informado à reportagem pelo Consulado de Israel no Brasil. De acordo com a pesquisadora, ao questionar os agentes o motivo da deportação, eles responderam que a justificativa já estava dada e não era necessário mais informações.
Depois de 16 horas de espera, Moara foi deportada para Portugal.
As fronteiras da Palestina são controladas por Israel. Sem poder entrar na Palestina, a pesquisadora disse que seu atual projeto está comprometido. “Seria o início da minha pesquisa sobre as organizações civis palestinas que têm usado o direito internacional para promover a causa contra a ocupação israelense. Agora eu vou ter que repensar o meu projeto. O impacto na minha atividade acadêmica é bastante sério”, avalia.
No ano passado, dois brasileiros que participavam de uma Missão Humanitária à Gaza também foram banidos de Israel.
Sobre o caso de Moara Crivelente e a possibilidade de adotar uma política de reciprocidade diplomática (o que significaria aplicar a israelenses que vêm ao Brasil as mesmas regras às quais são submetidos os brasileiros), o Ministério das Relações Exteriores disse, em nota, que “não se observa, em Israel, a singularização de brasileiros para sua não admissão naquele país. Casos específicos de possíveis condutas inadequadas por parte de autoridades migratórias israelenses foram e são objeto de gestões do governo brasileiro para esclarecimentos pertinentes".
Enquanto esteve detida, ela tentou falar com a embaixada do Brasil pelo telefone de emergência e ninguém atendeu. O Itamaraty informou que vai averiguar o que ocorreu.
Em relação aos motivos que levaram à deportação, o Itamaraty informou que "a política de concessão de entrada, permanência e vistos é matéria de decisão soberana dos Estados estrangeiros e objeto de processamento interno daqueles governos. No entanto, o caso do Estado da Palestina, o controle migratório é atualmente feito pelas autoridades israelenses na fronteira da Jordânia, gerando constrangimentos à entrada de pessoas no território palestino”.
Procurado pela reportagem, o Consulado de Israel em São Paulo informou, por meio da assessoria de imprensa, que a pesquisadora foi banida por questões de segurança nacional e que “as autoridades nunca proíbem uma pessoa de entrar no país sem ter uma justificativa”.