Sabe aquela situação onde você precisa fazer uma escolha entre uma quantidade de opções muito grande? Provavelmente você terá dificuldade em realizá-la, ou talvez você deixe para escolher em outro momento por não estar seguro da sua decisão ou, quem sabe, você fique frustrado por não ter feito a melhor escolha.
Se você tem medo de não fazer a escolha perfeita e por causa disso você está na zona da ansiedade, saiba que você não está só e que existe um nome para este fenômeno: O Paradoxo da escolha.
Esse conflito está presente no nosso dia a dia, e pode acontecer no momento em que você precisa decidir o que colocar no seu prato em um bufê quilométrico. Ou se você está fazendo uma migração de carreira, pode acontecer quando você for decidir sobre qual conteúdo precisa se aprofundar primeiro para seguir com a sua jornada profissional.
Outro exemplo desse efeito é quando vamos escolher um filme ou série na Netflix. Já perdi as contas de quantas vezes eu passei pelo menos meia hora para escolher algo. E pode acreditar que muitas vezes eu terminei sem assistir nada.
Não dá para falar sobre o paradoxo da escolha e não citar o estudo realizado por Sheena Iyengar e Mark Lepper.
Eles criaram dois cenários para fazer uma comparação de resultados de vendas de geleias em um supermercado.
No cenário 1, foram oferecidos aos clientes 24 sabores de geleias para degustação.
No cenário 2, foram oferecidas apenas seis opções de sabores.
O cenário com mais opções de geleias atraiu mais pessoas a fazer a prova dos sabores. Porém, o cenário que houve mais vendas foi justamente o que tinha menos opções de sabores disponíveis.
Esse experimento reforça a ideia de que quanto mais opções um consumidor tem, mais ele fica inseguro em tomar a decisão, justamente pelo fato de surgir a incerteza de estar realizando escolha ou combinação de opções mais adequadas.
Em termos de produtos digitais, o paradoxo da escolha também pode acontecer em vários momentos. Na página de um produto em um e-commerce, por exemplo, você pode ficar congelado com as alternativas de configuração de um notebook. Ainda mais quando temos um público que não é familiarizado com termos relacionados a capacidade de processamento ou armazenado de um computador.
Quando se trata de escolher um plano de algum serviço digital acontece o mesmo. Trouxe 3 exemplos com listas de opções para contratação de planos de um serviço imaginário.
Nesse exemplo, temos 3 opções, porém nenhuma indicação ou sugestão de qual opção escolher. Ainda que sejam apenas 3 opções, o consumidor pode ficar inseguro ou ansioso por não saber exatamente qual opção contratar. Talvez ele recorra para alguém da família ou um amigo que seja familiarizado com o serviço em questão.
Neste segundo exemplo, a quantidade de opções é maior, porém existe uma recomendação do site para facilitar a escolha do usuário. Você pode argumentar que ainda assim, o cliente pode ficar inseguro e procurar alguém para ajudar, mas, em termos estatísticos terão as pessoas que confiarão na empresa e irão contratar a opção sugerida.
Já nesse terceiro exemplo, observamos também 4 opções de escolha. Além de ter uma opção bem destacada, ela também sugere que essa é a opção que a maioria dos clientes contratam. Nesse caso, estatisticamente esses dois fatores farão com que definitivamente a opção destacada seja a mais escolhida para contratação.
Outro exemplo claro são os algoritmos das redes sociais. Mesmo que você siga vários influenciadores, a maioria dos conteúdos que aparecem na sua timeline são diretamente ligados aqueles que você interage mais, seja dando uma pausa para olhar com mais calma ou literalmente curtindo e compartilhando com amigos.
Imagine se fosse ao contrário, você que segue 200 perfis no Instagram, recebendo todas essas postagens de maneira cronológica. Tenha certeza que você se cansaria rápido e provavelmente o tempo de tela nessa rede social cairia bastante.
Por mais que seja muito batida, a frase "menos é mais" faz sentido quando você for elaborar uma lista com opções de escolha para o seu público independente de ser digital ou não.
Fazendo um trocadilho com o livro do autor Steve Krug, o famoso "Não me faça pensar". Acredito que um bom exercício para quem trabalha com produto seria o mantra "não me faça escolher". E assim como no livro citado existe essa preocupação com a usabilidade, talvez tenhamos que criar o termo escolhabilidade para focar em perceber se o leque de escolhas oferecidas para o cliente é confortável ou não.