End of life planning

Quando Eu Partir: startup ajuda a planejar o que você quer que aconteça após a sua morte

Proposta da empresa é juntar em uma única plataforma todas as informações do interesse da pessoa que morreu e seus sucessores - de orientações sobre bichos de estimação a dados sobre seguros ou patrimônio

Maria Luiza Borges
Maria Luiza Borges
Publicado em 13/05/2023 às 0:00 | Atualizado em 17/05/2023 às 10:19
Noticia
Divulgação
Para o catolicismo, no velório e no enterro, que costumam ser no mesmo momento, é celebrada uma missa de corpo presente FOTO: Divulgação

Quando perdeu a mãe de forma repentina, em 2021, a jornalista Camila Leães teve que lidar com a tristeza e com questões burocráticas que não conhecia - da cerimônia de despedida a apólices, inventário e multas por prazos não cumpridos. 

Foi a partir dessa dor que ela concebeu a startup Quando Eu Partir, uma plataforma onde o usuário pode agregar desde informações sobre patrimônio, testamentos e seguros, até questões pessoais como quem vai cuidar dos pets e quem poderá acessar suas redes sociais.

Maria Luiza Borges/NE10
Alexandre da Silveira e Camila Leães apresentaram sua startup Quando eu Partir, que planeja o fim da vida, durante a Web Summit Rio 2023 - Maria Luiza Borges/NE10

A grande maioria se preocupa com sua partida, mas poucos fazem alguma coisa para prepará-la

"Em uma pesquisa inicial, constatamos que cerca de 90% das pessoas têm essa preocupação de deixar sua partida organizada. Mas apenas 27% tomam alguma atitude nessa direção. Não existe uma plataforma única onde a pessoa possa deixar todas as providências organizadas e nomear aqueles que serão responsáveis por elas", resume Camila.

São providências práticas como o nome e contato do contador, relação dos investimentos, seguros, auxílio funeral, e outras mais pessoais, como memórias, desejos que a pessoa quer que sejam preservados ou considerações de ordem religiosa.

"Muitas vezes, o fato de desconhecer esses detalhes implica em perdas financeiras para os herdeiros, que já estão enfrentando um momento difícil", detalha Camila

Death techs: um mercado maduro nos Estados Unidos e Europa

"É uma maneira de não deixar para os entes queridos um fardo maior", explica o sócio e co-fundador da startup Alexandre da Silveira. Há dois anos Silveira e Camila desenvolvem a plataforma, que por enquanto está recebendo inscrições e será oficialmente lançada ainda neste primeiro semestre.

Alexandre e Camila apresentaram a startup na Web Summit Rio 2023, em maio, evento que reuniu mais de 21 mil pessoas no Riocentro.

Os sócios explicam que nos Estados Unidos e Europa esse tipo de operação que planeja o fim da vida é bem comum. São as chamadas death techs. "Essas culturas tratam a morte com mais maturidade. E a tecnologia é um facilitador para agregar as informações", opina Camila.

Normalmente as pessoas deixam instruções sobre cerimônias de despedida, testamentos, ou disposições de ordem pessoal. "Que objetos são mais valiosos afetivamente para alguém? E quem ela gostaria que ficasse com eles?" exemplifica Camila.

Modelo de negócio inclui assinatura, oferta de serviços e marketplace

Alexandre da Silveira explica que, para utilizar o serviço, os usuários pagarão uma assinatura inicial que deverá custar R$ 399,00, e uma taxa de manutenção anual de R$ 99,00. 

Os usuários, além de cadastrar todas as informações que julguem necessárias, também indicam quem são as pessoas que poderão acessá-las após a morte.

Entre as pessoas que poderiam figurar como receptoras do legado estão cônjuges, parceiros, filhos, amigos próximos, médicos ou equipe de cuidados médicos, advogado ou consultor financeiro ou alguém que atue como procurador ou representante legal.

 
 
 
Ver essa foto no Instagram
 
 
 

Uma publicação compartilhada por Quando Eu Partir (@quandoeupartir)

"É importante escolher pessoas de confiança que possam ajudar a garantir que seus desejos sejam respeitados no final da vida e que possam apoiá-lo emocionalmente antes da partida. O ideal é que as pessoas escolhidas saibam onde seu plano de final de vida está armazenado e como acessá-lo, se necessário", detalha Camila.

As assinaturas não serão o único modelo de negócio da empresa. "Além de B to C, também teremos receita B to B, através de parceiros interessados em estar presente na plataforma, como companhias seguradoras, por exemplo", explica Almeida.

Também há uma possibilidade de negócios B to B to C, como a oferta do serviço por RH de empresas. Ou mesmo um marketplace onde poderão ser cadastrados advogados, psicólogos, entre outros profissionais.

Para conhecer mais do serviço, acesse a página da Quando Eu Partir.

Comentários