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Vozes de Tchernóbil: a história não contada dos sobreviventes do desastre nuclear

Confira a seguir a resenha crítica do livro "Vozes de Tchernóbil", uma impactante obra de não-ficção.

Luana Simões
Luana Simões
Publicado em 11/05/2022 às 11:19 | Atualizado em 08/02/2023 às 9:07
Noticia
Reprodução/HBO
Ruínas de Chernobyl FOTO: Reprodução/HBO

O desastre de Tchernóbil, ou Chernobyl, foi um acidente nuclear catastrófico que ocorreu no dia 26 de abril de 1986, resultado de uma falha humana.

A tragédia foi considerada o pior desastre nuclear da História, com trinta e uma mortes diretamente ligadas ao episódio, mas com efeitos de radiação que até hoje afetam milhares de pessoas.

A cada ano ainda é registrado nas redondezas casos de câncer, disfunções neuropsicológicas e mutações genéticas consequentes do superaquecimento e explosão do reator radioativo. 

Reprodução/BBC
Ruínas da cidade de Tchernóbil (ou Chernobyl), tomada pela radiação - Reprodução/BBC

Vozes de Tchernóbil: um livro sobre revolta e resistência

A obra “Vozes de Tchernóbil”, escrita pela jornalista ucraniana Svetlana Aleksiévitch, vencedora do Nobel de Literatura 2015, não é um livro sobre a catástrofe de 1986, mas sim uma história sobre luto, revolta e resistência dos sobreviventes.

Segundo a autora, já existem milhares de registros sobre o desastre em si, incluindo produções culturais que se aproveitam da tragédia para vender e chocar o público.

Ao contrário disso, essa obra não apropria elementos do evento para torná-lo em sensacionalismo, ela debruça-se sobre o repertório escondido nas experiências das milhares de pessoas afetadas pela radiação, pela morte e pelo descaso. 

O sentimento de luto da comunidade de Tchernóbil é emitido para o leitor por meio da rotina e do cotidiano de quem perdeu filhos, parceiros e amigos.

De quem precisou abandonar suas casas, trabalho, animais de estimação e todos os seus pertences, não importa o quão valiosos eram.

O sofrimento registrado no livro não vem do interesse de um cenário apocalíptico, comumente retratado em filmes e pela ficção, mas sim da realidade de quem considerava Tchernóbil como casa.

Reprodução/Sputnik
Svetlana Alexievich, escritora de "Vozes de Tchernóbil", recebe prêmio Nobel de Literatura 2015 - Reprodução/Sputnik

No monólogo que introduz o livro, intitulado de "uma solitária voz humana”, conhecemos a história de Liudmila Ignátienko e Valentina T. Apanassiévitch, mulheres que acompanharam seus maridos após o acidente nuclear.

Foi uma rica escolha para introduzir a obra, pois, pelo relato em primeira pessoa de uma das mulheres, é contextualizado o sofrimento, desespero e confusão das pessoas diretamente afetadas pela radiação, dos profissionais de saúde, dos familiares e dos outros moradores da comunidade.

É ratificado inúmeras vezes o amor imensurável que a mulher tem pelo seu marido bombeiro, internado em condição crítica após ficar trabalhando nas proximidades do reator sem o uso de nenhum equipamento de proteção ou aviso de perigo.

Através das palavras da narradora e do registro de Svetlana, é possível compreender o terror que a tragédia de Tchernóbil facultou, especialmente pela forma explícita e pesarosa que as consequências da radiação no corpo humano são descritas pela entrevistada:

O meu marido começou a mudar; cada dia eu via nele uma pessoa diferente... As queimaduras saíam para fora... Na boca, na língua, nas maçãs do rosto; de início eram pequenas chagas, depois iam crescendo. As mucosas caíam em camadas, como películas brancas. A cor do rosto, a cor do corpo... Azulada... Avermelhada... Cinza-escuro... E, no entanto, tudo nele era tão meu, tão querido!
(p.23)

Reprodução/Montagem
Jessie Buckley (direita), interpreta Liudmila Ignátienko (esquerda) na adaptação televisiva "Chernobyl" HBO - Reprodução/Montagem

A autora, ao compor o livro com uma melodia diversa de vozes, aponta a nova realidade criada após a luta contra inimigos invisíveis que “tocavam a relva ceifada, o peixe pescado, a caça aprisionada, as maçãs…”, mas que assopravam o mesmo pavor que uma guerra militar.

Os personagens da tragédia têm sua voz ouvida e registrada de forma fiel e sensível por Svetlana, que apresenta relatos cada vez mais tocantes ao longo da obra.

Durante a leitura, percebemos que o acidente deixa marcas atemporais, com consequências que estão presentes décadas depois e que permanecerão por um longo tempo.

Somos lembrados da capacidade de destruição do ser humano, e como os erros do passado devem ser revistos para impedir que se repitam.

Assim, Vozes de Tchernóbil configura-se como uma leitura difícil, mas obrigatória para todos que desejam experienciar uma obra envolvente sobre memória, pesar e, no fim, superação.

VOZES DE TCHERNÓBIL: garanta o livro 

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Reprodução.
Vozes de Tchernóbil de Svetlana Aleksiévitch. - Reprodução.

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