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Faça login ou cadastre-seSilvio Meira já era um pensador do mundo digital muito antes da maioria de nós usar um computador. Ao longo das últimas décadas, tornou-se uma das referências na área no país. De estilo provocador, é um futurista acostumado a detectar sinais, mesmo que ainda fracos, de mudanças que nem sempre se concretizam, mas isso em nada reduz a importância dos alertas.
Neste final de 2020, o ano mais estranho que já vivemos, Silvio Meira publicou um artigo no seu blog em que defende que 2021 na verdade já é 2025. Aceleramos cinco anos ao longo da pandemia. E caminhamos para um mundo "figital", mistura de físico + digital. O artigo se chama "21 anotações sobre 2021", título que parece inspirado em um dos mais famosos livros do historiador best seller Yuval Noah Harari.
São 39 minutos estimados de leitura de um texto que resume o tsunami que vivemos em todos os setores. Enquanto lidávamos com uma pandemia usando métodos medievais, devemos sair dela com o que de mais moderno se produziu em larga escala usando engenharia genética. Não parece ter ficado nada de fora na análise, feita no seu já conhecido estilo de escrever sem usar maíscuslas nem sequer no início das frases. Isso muitas vezes irrita alguns leitores, mas provoca uma tensão constante em que lê. Uma sensação de estar perdido que com certeza deve fazer parte da estratégia provocativa.
Alguns pontos podem ser destacados.
A aceleração causada pela covid-19 é de pelo menos meia década. O tempo se tornou mais escasso. Como criar tempo para o futuro?
Não foram lançadas novas tecnologias na pandemia: a aceleração digital é mudança de comportamento. Passamos a usar o que já tínhamos, e não fazíamos ideia de como usar, porque não precisávamos.
Quem acabou de entrar no mundo do e-commerce está na verdade ainda em 1994. Vender seu estoque com catálogo online não é transformação digital. Boa parte das lideranças não entendeu o que é preciso mudar para continuar competindo.
Mercados, empresas, times, pessoas, cidades, países e governos estão na transição do físico para uma articulação do físico com o digital. Uma parte significativa dos comportamentos de todos os agentes passou a se iniciar, quase sempre, no domínio digital.
Os médicos não serão substituídos por inteligências artificiais… mas os médicos que não usam inteligência artificial serão substituídos pelos que usam.
Apesar dos efeitos no Brasil da briga EUA x China, o 5G deve começar a acontecer aqui neste 2021, que na verdade é 2025. O que se espera é que ela poderá prover 100Mbps móvel de forma confiável, com 1ms de latência e 1 milhão de coisas conectadas (Internet das Coisas, ou IoT) por quilômetro quadrado. Entre essas coisas estão sinais de trânsito, ambulâncias, táxis, ônibus, freezers, câmeras, portas... E as coisas, conectadas, vão mudar a fábrica, que passará a estar conectada diretamente ao consumidor. A fábrica que só faz produtos e envia para um distribuidor ou direto para um varejista é o passado da fábrica.
Segurança da informação se torna crítica. A internet das coisas está em risco permanente. O protocolo de segurança de muita gente é confiança cega no fornecedor. Mas 91% “das nuvens” não criptografam os arquivos “parados” e 87% não apagam os arquivos ao término da conta. A questão é menos de legislação do que de engenharia.
Os desafios da engenharia de software com os negócios em rede e em tempo quase real se tornam ainda maiores. Falta de pessoal na área é outro grave problema que só tende a piorar. Na sociedade do conhecimento, empresas competem por capital humano.
A educação se tornou mais figital. Há uma crença de que a única forma de aprender é estar numa sala de aula por horas -perdendo tempo e energia- e, depois, fazer provas. A escola figital vai aparecer de várias formas em 2021-2025. Aprendizes e facilitadores vão decidir o tempo de aprender e construir trilhas e mapas de experiências e aprendizados.
Para muitos, o escritório deixou de ser necessário e pode deixar de ser opção. Isso abala tanto a noção de lugar como meio de produção quanto construção social - de ponto de encontro à rádio corredor. Mas é bom lembrar que 59% de quem trabalha remoto sente falta das interações presenciais com colegas; e 48% não se acostumaram com a fusão dos espaços de trabalho e moradia. Além disso, para 95%, comunicação clara é a habilidade mais importante na pandemia e do trabalho deslocalizado.
As redes sociais passaram a ser o principal mecanismo informal de articulação da sociedade e com elas a MALinformação (baseada na realidade, para atacar) e DESinformação (informação falsa, para atacar). Imersas em suas bolhas, as pessoas concordam cada vez mais entre si e menos com os outros. As grandes plataformas digitais e seus ecossistemas foram deixadas à solta durante mais de uma década. Agora, têm que assumir a responsabilidade (ou serem responsabilizadas) pela forma que seus algoritmos editam conexões, relacionamentos, interações e histórias.
Em algum momento nos próximos 30 anos, a computação quântica sairá dos laboratórios e dos sistemas de demonstração dos gigantes digitais, para ter impacto no mundo real. Isso depende de teorias e tecnologias que ainda estão fora do radar mesmo de quem é da área. É muito difícil prever quais serão os impactos diretos e indiretos de computação quântica nos mercados.
A combinação de computação quântica com inteligência artificial pode mudar o mundo ao nosso reder. E é preciso proteger as pessoas dos algoritmos.
Os vírus nos pegam de surpresa há 25 séculos. Lidamos com a peste da mesma forma que durante a guerra do Peloponeso, no século V a.C. Estamos combatendo a pandemia com métodos da Idade Média, como isolamento total e parcial das pessoas. É certo que foram associados a sistemas de diagnóstico e tratamento contemporâneos, mas que de pouco adiantaram.
Uma frase no texto resume bem todo o exercício que fizemos em 2020 e nos espera em 2021-2025: "tecnologia é o domínio das possibilidades, e não das certezas." Nesse 2025 que se aproxima, precisamos perder o medo de errar.
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