Pastor da Igreja Batista do Caminho, no Rio de Janeiro, Henrique Vieira também é ator e poeta. O líder evangélico tem ganhado cada vez mais espaço na mídia brasileira por seus posicionamentos contrários aos pastores mais tradicionais.
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Henrique foi o convidado desta terça-feira (10) do programa de entrevista Provoca, apresentado por Marcelo Tas, na TV Cultura.
A conversa passou pelos temas de religião, cinema e política. O pastor interpretou um frei no filme Mariguella (2019), dirigido por Lázaro Ramos, exibido no início de 2022 nos cinemas brasileiros.
Realidade evangélica no Brasil
Tas perguntou a Henrique Vieira "por que tem tanta igreja evangélica?". O pastor riu e respondeu que o protestantismo "abriu" a livre interpretação da Bíblia, e que o fato de não existir um clero para determinar questões faz com que surjam novas igrejas a partir das divergências.
Sobre ser considerado um pastor progressista no meio batista tradicional, Henrique afirma que não está em um "voo solo", mas que é fruto da sua comunidade de fé, de uma tradição. Como referências religiosas, citou Martin Luther King Jr., Dom Hélder Câmara, Frei Betto e Irmã Dorothy.
"Qual é o seu aspecto fascista?"
O apresentador relembrou uma citação do convidado, que disse "em cada um de nós há um fascista, ou um aspecto fascista". Em seguida, o apresentador disparou "qual é o seu?".
Após alguns segundos em silêncio, o pastor confessou que é tentado pela sede de poder. "Quero me livrar mais do desejo de ser grande, isso me deixa mais superficial e menos profundo. Quero distanciar isso no afeto da comunhão", respondeu Henrique.
Marcelo Tas definiu como corajosa a resposta do convidado, que disse preferir ser sincero. "A única forma de não ceder à sede de poder é reconhecendo que ela me habita", concluiu o pastor batista.
"Jesus seria de esquerda?"
"Já me perguntaram se Jesus seria de esquerda, porque eu sou de esquerda", disse o pastor. "Eu digo: obviamente que não. Porque eu estou pegando um conceito do meu tempo e reduzindo o Evangelho a um espectro", explicou. O pastor definiu o Evangelho de Jesus como "incategorizável".
Ao mesmo tempo, Henrique Vieira afirma que não colocar Jesus em um espectro não quer dizer que o Messias é neutro. "Não reduzir Jesus a uma sigla não é despolitizar Jesus, porque Jesus e o evangelho estão no chão da história, portanto, têm uma contundência política", finalizou.