Deputado Wladimir Costa (foto) considera fatos apresentados contra Cunha "extremamente graves" Foto: divulgação
Há oito anos no Conselho de Ética da Câmara, o deputado Wladimir Costa (SD-PA) notabilizou-se pela aversão a cassar colegas. Sempre declarou que não foi eleito para esse fim. Licenciado por questões de saúde, ele quer voltar para o julgamento do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), no colegiado. Contrariando seu histórico, considera os fatos apresentados contra Cunha “extremamente graves”:
— E, desta vez, parece que não estamos lidando com ilação. Estamos falando de um documento enviado de um Ministério Público para outro, da Suíça para o Brasil. Portanto, com provas cabais. E será uma vergonha, uma desmoralização do conselho se não fizer nada — disse Costa.
O deputado é quase uma exceção entre os titulares do Conselho de Ética. Poucos se arriscam a dar opinião, mesmo sob anonimato. Por precaução, alegam ser necessário conhecer o processo e aguardar as provas. Paulo Azi (DEM-BA) chegou a citar o relator das “pedaladas fiscais” de Dilma no Tribunal de Contas da União (TCU), Augusto Nardes, acusado pelo governo de antecipar voto.
Já Mauro Lopes (PMDB-MG) diz não haver nada, até agora, que ponha em risco o mandato de Cunha:
— Trabalho com prova material. O que estou vendo até o momento é notícia de jornal.
O GLOBO conversou com 16 dos 21 titulares do Conselho de Ética. Só quatro deram opinião sobre o mérito do caso. Além de Costa e Lopes, mais dois, que pediram anonimato, disseram ser a favor de cassar Cunha.