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Faça login ou cadastre-seO executivo Augusto Ribeiro de Mendonça Neto, da Toyo Setal, afirmou em acordo de delação premiada na Operação Lava Jato que parte da propina paga para o ex-diretor de Engenharia e Serviços da Petrobras Renato Duque eram "doações oficiais ao Partido dos Trabalhadores". Outras formas foram "parcelas em dinheiro" e "remessas em contas indicadas no exterior".
Mendonça disse ainda que Duque recebeu da Toyo Setal, contratada pela petroleira, 1,3% em "comissões" sobre o valor total de cada contrato fechado. O ex-diretor de Abastecimento, Paulo Roberto Costa, recebeu 0,6% sobre os contratos, segundo o delator.
Os acertos foram promovidos, ainda de acordo com o depoimento, por um "clube" de empreiteiras.
Os depoimentos de Mendonça Neto e de outro executivo da Toyo Setal, Júlio Camargo, tomadas no âmbito do acordo de delação premiada fechado com a força-tarefa da Lava Jato (Polícia Federal e Ministério Público Federal), foram inseridos nos autos na manhã desta quarta-feira (3) por decisão do juiz federal Sergio Moro.
Ele acolheu um pedido de vários advogados dos empreiteiros que pediam para ter acesso a todos os indícios coletados na Lava Jato a respeito de seus clientes para que tivessem o direito à ampla defesa. O Ministério Público, ouvido pelo juiz, também concordou com a liberação. Trata-se da primeira divulgação integral de uma delação premiada feita pela Lava Jato.
O papel de Renato Duque no suposto esquema, conforme Mendonça Neto, era convidar, para as disputas de contrato lançadas pela Petrobras, apenas empresas indicadas pelo "clube" de empreiteiras, que foi formado no final dos anos 1990 e ganhou força a partir de 2004. Duque foi preso no último dia 14 e conseguiu ontem à noite um habeas corpus no STF (Supremo Tribunal Federal), expedido pelo ministro Teori Zavascki.
O objetivo do "clube", segundo depoimento de Mendonça Neto, era "unificar as informações e preparar uma tabela cronológica, com valores para que as empresas pudessem a partir daí escolher" que obras e contratos tinham maior interesse na Petrobras. Uma vez definida a lista de prioridades, ela era entregue "pessoalmente" a Renato Duque, no caso da diretoria de Engenharia, "mencionando quais as empreas que deveriam ser convidadas pela Petrobras para o certame específico".