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Faça login ou cadastre-sePernambuco registrou 23.923 casos de aids desde 1983 Foto: Alexandre Severo/Acervo JC Imagem
A reação foi de espanto, mas ele percebeu que podia contar com o apoio dela. “Em momento nenhum ela decidiu terminar o relacionamento. Estamos juntos até hoje e ela se preocupa para que eu não esqueça de tomar os remédios”, afirma João.
Após a descoberta, os dois passaram a ter mais cuidado durante as relações sexuais. “Sempre com preservativo. Quando soube que tinha o HIV, levei ela para fazer exames. Chegou a pegar sífilis, mas o HIV deu negativo. Ela faz exames periodicamente”, comenta João.
A maneira como a companheira de João encarou o assunto infelizmente ainda é rara. João conta que somente ela e os pais deles sabem que ele soropositivo. O medo de contar para familiares e amigos o assusta. “Eu acho que haveria preconceito. Prefiro não contar, sei que vai existir, então é melhor evitar”, acredita.
De acordo com Wladimir Reis, coordenador do Grupo de Trabalhos em Prevenção Posithivo (GTP+), as pessoas soropositivas ao HIV se sentem desprotegidas e desconfortáveis para falar abertamente sobre o assunto. “Hoje o preconceito é mais sutil. Mas a discriminação é, muitas vezes, mandar a pessoa sair de casa. Pessoas de comunidades pobres quando descobrem que alguém está com a doença não dão um aperto de mão, ou abraçam. É uma situação horrível. As pessoas estão morrendo com medo", diz.
O coordenador alerta para a falta de conscientização sobre formas de prevenção e tratamento da aids. "A gente vê uma epidemia extremamente preocupante hoje. A cada 6 horas, uma pessoa se infecta em Pernambuco e isso é muito grave. Já estamos na quarta década da Aids e a população mais vulnerável é de pessoas muito jovens, que não vivenciaram a epidemia quando morreu Cazuza e Freddie Mercury. Eles não têm conhecimento e ação de política de pares para esclarecer dúvidas", comenta.
Outra crítica de Wladimir é em relação à falta de políticas públicas para combater a doença. "Já fomos referência no mundo na luta contra a aids, mas não têm mais editais públicos para efetivar ações para população mais vulnerável. Ano passado foram 500 óbitos só em Pernambuco. Não estamos falando só de números, mas de pessoas, de homens mulheres e crianças", alerta.