A zika foi detectada no sêmen de um homem depois que já não era mais encontrado em seu sangue Foto: Reprodução
Enquanto especialistas em saúde global se esforçam para entender como o zika vírus se espalha e pode levar a problemas congênitos, dois casos sugerem que o vírus pode ser transmitido através de relações sexuais, e não apenas pelo mosquito.
Em uma teleconferência com repórteres nesta quinta-feira (28), a vice-diretora dos Centros para o Controle e Prevenção de Doenças (CDC), Anne Schuchat, foi questionada sobre uma recente reportagem do New York Times sobre o assunto. "Há um caso relatado de zika vírus através de possível transmissão sexual", disse.
"Em outro caso, o zika vírus foi encontrado no sêmen cerca de duas semanas depois que um homem teve sintomas de zika, então esses casos dão indícios biológicos plausíveis para essa possibilidade".
No entanto, Schuchat acrescentou que "a ciência é muito clara até agora de que zika é principalmente transmitido às pessoas através da picada de um mosquito infectado. Então isso é realmente onde estamos colocando a ênfase agora".
A epidemia de zika "se propaga de maneira explosiva" no continente americano, alertou nesta quinta a OMS, e pode levar a mais de quatro milhões de casos na região.
O Brasil experimentou seu primeiro foco de zika no ano passado e tem visto o número de casos de microcefalia subir, de 163 por ano, em média, a mais de 3.718 casos suspeitos, de acordo com o ministério da Saúde.
Em vários casos o zika vírus foi identificado em fetos e bebês com malformações de nascença, mas as autoridades de saúde dizem que mais trabalho é necessário para confirmar relação de causa e efeito.
Os pesquisadores acreditam que se uma mulher grávida é mordida por um mosquito infectado, principalmente no primeiro trimestre, ela enfrenta um risco maior de ter uma criança com defeitos de nascimento.
Na segunda-feira, o Times informou que o único caso conhecido do zika vírus no sêmen envolveu um homem do Tahiti de 44 anos de idade, que foi exposto durante um surto de zika na Polinésia Francesa, em 2013.
O vírus foi detectado em seu sêmen depois que já não era mais encontrado em seu sangue. Ainda assim, não se sabe quanto tempo o vírus pode ter persistido após a sua infecção inicial.
O jornal também mencionou um segundo caso de 2008, em que um biólogo norte-americano foi infectado com zika enquanto estava no Senegal coletando mosquitos para um estudo da malária.
O homem desenvolveu erupções cutâneas, fadiga e dor de cabeça uma semana após seu retorno para os Estados Unidos. Sua esposa também desenvolveu sintomas semelhantes poucos dias após seu retorno, depois que os dois tiveram relações sexuais.
O sangue do casal foi coletado e testado negativo para malária, dengue e febre amarela.
Passado algum tempo, um colega sugeriu a doença poderia ter sido zika.
As amostras de sangue, que tinham sido congeladas, foram re-testadas e deram positivo para o zika, sugerindo que a esposa foi infectada pelo marido uma vez que nenhum dos mosquitos vetores do zika podiam ser encontrados no estado do Colorado.