Demetrius Montenegro coordenará a simulaçãoFoto:Mariana Dantas/NE10
“A ocorrência do ebola hoje está concentrada nos países africanos Guiné-Cronacri, Serra Leoa, Libéria e Nigéria. Existe um controle rigoroso e, por isso. não acredito no risco de epidemia em outros países, muito menos no Brasil. O que pode ocorrer é o registro de um caso isolado e, para isso, estaremos preparados”, afirmou Demetrius Montenegro, que nesta quarta-feira (10) ministrou palestra para funcionários do Hospital Oswaldo Cruz e estudantes onde apresentou detalhes da operação de prevenção.
“Vale destacar que uma equipe específica irá trabalhar no atendimento. Ou seja, médicos plantonistas e da emergência não terão contato direto com os pacientes”, explicou. A equipe da simulação é formada por 12 médicos, além de enfermeiros e auxiliares de enfermagem. Todos se ofereceram para trabalhar na operação.
A técnica em enfermagem Jane Silva, 39, que trabalha há mais de 20 anos no Oswaldo Cruz, integra a equipe. “Decidi participar porque é uma chance de ganhar conhecimento. Também estou pronta para contribuir”.
OPERAÇÃO NACIONAL – A simulação desta quinta-fera envolve apenas a equipe da ambulância do Samu e do Hospital Oswaldo Cruz. Mas, de acordo com o infectologista Demetrius Montenegro, para situações reais, a operação envolve vários outros órgãos e normas para identificar casos suspeitos.
“É preciso ter cuidado para não criar ‘rótulos’ e ter atitudes preconceituosas ou de pânico. O fato de alguém viajar para a África não significa que essa pessoa tem risco de contrair o ebola. O público considerado de risco é aquele que esteve há menos de 21 dias (prazo máximo de encubação da doença) nos países com ocorrência de ebola (Guiné-Cronacri, Serra Leoa, Libéria e Nigéria) e que apresentam os sintomas como febre, dores musculares e enjoos”, explica o médico.
Mortes pelo ebola confirmadas desde o início do ano** Atualizado até 09/09/2014. Fonte: OMSO trabalho de identificação será realizado pelas equipes da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) que já estão de plantão no Aeroporto Internacional dos Guararapes e nos portos de Suape e do Recife. Se algum passageiro que esteve nos países citados pelo médico apresentar algum sintoma, uma ambulância especial do Samu será acionada para levar o paciente até o Oswaldo Cruz, no bairro de Santo Amaro, região central do Recife.
Ao chegar à unidade, o paciente será examinado e passará por duas coletas de sangue. Um dos materiais será enviado de avião para o Laboratório do Instituto Evandro Chagas, em Belém (PA) – único credenciado no País para fazer o teste do ebola. O outro material colhido será utilizado no Recife para exames do tipo sanguíneo e de malária (doenças de sintomas parecidos com o ebola).
Os kits de EPI já foram distribuídos pela SESFoto:Mariana Dantas/NE10
Caso seja confirmada o ebola, o paciente será transportado em um avião para o Hospital da Friocruz, no Rio de Janeiro, que ficará responsável em tratar todos os pacientes do País.
Sobre a possibilidade das pessoas apresentarem os sintomas do vírus ebola dias após a chegada a Pernambuco, o infectologista explicou que, em todos os hospitais do Estado, terá um profissional capacitado para atendê-lo, inclusive com equipamento de proteção. “Esse profissional deverá acionar o Samu para encaminhar o paciente ao Oswaldo Cruz”, explicou.