Tensão

EUA lançam dezenas de mísseis contra Síria

Julliana de Melo
Julliana de Melo
Publicado em 06/04/2017 às 22:51
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Os mísseis Tomahawk, como os da foto, foram disparados de navios de guerra americanos posicionados no Mar Mediterrâneo / Foto: Woody Paschall/ US Navy/ AFP

Os mísseis Tomahawk, como os da foto, foram disparados de navios de guerra americanos posicionados no Mar Mediterrâneo Foto: Woody Paschall/ US Navy/ AFP

Em resposta ao ataque químico na Síria atribuído ao regime do presidente Bashar al Assad, que deixou dezenas de mortos no começo da semana, os Estados Unidos bombardearam o país, na noite desta quinta-feira (6), de acordo com a Casa Branca. Este foi o primeiro ataque do governo dos EUA diretamente contra o governo de Assad, e é a mais dramática ordem militar de Donald Trump desde que se tornou presidente, em janeiro.

Presidente Trump em coletiva em Mar-a-Lago após o ataque contra o governo sírio

Presidente Trump em coletiva em Mar-a-Lago após o ataque contra o governo sírioFoto: Reprodução/ TV

Após a investida, Trump falou em Mar-a-Lago que o ataque a Síria é "vital para segurança nacional" dos EUA. Ao destacar que o presidente sírio, Bashar al Assad, atacou com gás neurotóxico "homens, mulheres e crianças indefesos", Trump pediu ainda que as "nações civilizadas" se unam aos EUA para "buscar acabar com o massacre e derramamento de sangue na Síria".

O ataque surpresa marca uma reviravolta para Trump, que durante sua campanha rejeitou a ideia de os EUA serem arrastados para a guerra civil daquele país. Após o ataque químico que matou inclusive crianças, o presidente disse que o ocorrido era uma "desgraça para humanidade" e que "ultrapassou muitos limites".

Cerca de 60 mísseis Tomahawk disparados de navios de guerra no Mar Mediterrâneo miraram em uma base aérea síria, em retaliação ao ataque químico que Washington acredita ter sido conduzido pelo regime de Bashar al-Assad. 

Os Tomahawk, mísseis de médio alcance, voam junto ao solo, acompanhando o relevo, e são quase invisíveis ao radar, tendo um nível de precisão muito elevado.

Os Estados Unidos advertiram a Rússia sobre o ataque a uma base aérea na Síria, informou o Pentágono na noite desta quinta-feira (6). "As forças russas foram alertadas antes do ataque através da linha estabelecida", disse o comandante Jeff Davis, porta-voz do Pentágono.

Repercussão

O ataque acontece enquanto o republicano recebe o presidente chinês, Xi Jinping, em uma reunião em que devem discutir os lançamentos de mísseis pela Coreia do Norte. As ações de Trump na Síria podem sinalizar à China que o novo presidente não tem medo de tomar medidas militares unilaterais.

A TV estatal em Damasco qualificou o ataque de "agressão americana contra alvos militares sírios com diversos mísseis".

Na noite desta quinta-feira, o Conselho de Segurança das Nações Unidas não conseguiu obter um acordo sobre uma declaração envolvendo o ataque com armas químicas, enquanto circulavam informações sobre um eventual bombardeio americano à Síria.

Consequências imprevisíveis

A Rússia apoia Assad desde o fim de 2015, razão pela qual qualquer ação militar para atacar no terreno sua força aérea poderia também afetar os sistemas de defesa aéreos russos e seu pessoal militar.

Diante deste cenário, a Rússia enviou mais assessores militares à Síria.

O papel de Moscou na votação do Conselho de Segurança da proposta de Grã-Bretanha, França e Estados Unidos exigindo uma investigação completa do caso pode ser chave.

A Rússia já antecipou que rejeita o projeto, que qualificou de "inaceitável".

Moscou apresentou uma contraproposta de declaração, que não menciona qualquer pressão sobre o governo sírio para que colabore com a investigação.

O presidente russo, Vladimir Putin, pediu à comunidade internacional que não julgue o que ocorreu antes de uma completa investigação.

Putin considerou "inaceitável" fazer "acusações não fundamentadas contra qualquer um antes de uma investigação internacional imparcial e minuciosa" do que chamou de "incidente com armas químicas".

Durante o dia, especialistas turcos disseram que as vítimas do ataque foram expostas ao gás sarin. O chanceler sírio, Walid Muallem, voltou a negar a participação de seu governo em ataque com arma química. "O Exército sírio não utilizou, não utiliza e não utilizará este tipo de arma, e não apenas contra seu próprio povo, mas também contra os terroristas que atacam nossos civis com seus morteiros".

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