Síria

Turquia afirma que autópsias confirmam uso de armas químicas na Síria

Lucas Vaz Lemos
Lucas Vaz Lemos
Publicado em 06/04/2017 às 9:38
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Ao menos 86 pessoas, incluindo 30 crianças, morreram em um bombardeio na terça-feira em Khan Sheikhun / Foto: AFP

Ao menos 86 pessoas, incluindo 30 crianças, morreram em um bombardeio na terça-feira em Khan Sheikhun Foto: AFP

As autópsias realizadas na Turquia em vítimas do ataque de terça-feira na Síria confirmam o uso de armas químicas pelo regime de Bashar al-Assad, afirmou nesta quinta-feira o ministro turco da Justiça, citado pela agência estatal de notícias Anadolu.

"Foram realizadas autópsias em Adana (sul da Turquia) de três corpos transportados de Idlib. Os exames revelaram que armas químicas foram utilizadas", declarou o ministro Bekir Bozdag. 

"Este exame científico revela também que (Bashar al) Assad utilizou armas químicas", completou o ministro, sem revelar os elementos que servem de base para a acusação. 

Ao menos 86 pessoas, incluindo 30 crianças, morreram em um bombardeio na terça-feira em Khan Sheikhun, uma pequena cidade da província rebelde de Idlib (noroeste da Síria).

Os médicos constataram sintomas de um ataque químico: as vítimas tinham pupilas dilatadas, convulsões e espuma saindo pela boca.

Bozdag explicou que as autópsias de três corpos em Adana contaram com a participação de legistas turcos, além de representantes da Organização Mundial da Saúde (OMS) e da Organização para a Proibição de Armas Químicas (OPAQ).

Dezenas de pessoas feridas no suposto ataque químico estão recebendo atendimento médico na Turquia, país vizinho da Síria.

As autópsias, que demoraram quase três horas, de acordo com a Anadolu, foram gravadas com câmeras. As autoridades turcas e delegação da OMS também recolheram mostras.

A Turquia e outros países, como Estados Unidos, França e Reino Unido, responsabilizaram o regime de Assad pelo ataque.

Na quarta-feira, o presidente turco Recep Tayyip Erdogan acusou Bashar al-Assad, a quem chamou de "assassino", de ter ordenado o ataque, que provocou indignação em muitos países.

Mas o governo da Rússia, que apoia Damasco, afirmou na quarta-feira que Força Aérea síria bombardeou um "depósito" dos rebeldes que continha "substâncias tóxicas". Na explosão, as substâncias foram dispersadas.

Até o momento, a natureza das substâncias químicas não foi identificada formalmente, mas a OMS afirmou que algumas vítimas apresentavam sintomas que podem ter sido provocados por uma exposição a uma categoria de produtos químicos "que incluiria agentes neurotóxicos".

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