Acordo de paz

Presidente e ex-presidente da Colômbia se reúnem com papa Francisco

Luana Nova
Luana Nova
Publicado em 16/12/2016 às 13:56
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O novo Prêmio Nobel da Paz presenteou o Papa com a caneta / Foto: AFP

O novo Prêmio Nobel da Paz presenteou o Papa com a caneta Foto: AFP

O papa Francisco recebeu nesta sexta-feira, no Vaticano, o presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, e seu antecessor Álvaro Uribe, em lados opostos quanto ao recente acordo de paz com a guerrilha das Farc para colocar fim a 50 anos de conflito.

Coincidindo com a visita prevista de Santos à Santa Sé, centro de sua viagem pela Europa, o sumo pontífice convocou inesperadamente Uribe para uma reunião conjunta, em uma aparente tentativa de aproximar suas posições.

Nada transcendeu por ora dessa reunião, mas antes dela, o Papa recebeu os dois convidados separadamente.

"Precisamos de sua ajuda", disse Santos a Francisco durante os 20 minutos em que permaneceram reunidos. 

"Ele me reiterou também seu apoio ao novo acordo de paz e sua pronta implementação", declarou Santos à imprensa, depois de um almoço com o presidente italiano, Sergio Mattarella.

O novo Prêmio Nobel da Paz presenteou o Papa com a caneta - feita com uma bala - que em 24 de novembro serviu para assinar com o líder das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), Rodrigo Londoño (Timochenko), o renegociado acordo de paz, depois que uma primeira versão foi rejeitada em referendo popular.

Uribe, por sua vez, reiterou ante o Papa suas críticas ao acordo de paz, segundo declarou à imprensa.

"Não podem nos impor tudo isso, Sua Santidade", afirmou Uribe à imprensa, ao fim de sua reunião com Santos e Francisco.

Processo de paz

O ex-presidente, o mais ferrenho detrator do processo de paz com a guerrilha de seu país, explicou que o que está pedindo é que sejam reformulados vários pontos.

"Houve modificações, mas existem alguns pontos muito delicados que  o governo não quer reformular", enfatizou.

Entre os temas que mais preocupa  Uribe, figura o da "imunidade total para os delitos de crime contra a humanidade".

"Neste momento, há colombianos que estão na prisão e que cometeram delitos menores do que os das Farc e que vã ficar em zonas de concentração se aceitarmos isso, mas nas mínimas condições penitenciárias", pediu Uribe.

O ex-presidente continua se opondo ao acordo referendado há duas semanas pelo Congresso colombiano, apesar de o acordo ter sido renegociado para incluir propostas da oposição.

Uribe, agora senador, chegou nesta sexta a Roma procedente de Bogotá.

Já Santos realiza uma viagem pelo Velho Continente depois de ter ido a Oslo para receber o Nobel da Paz, que aceitou "em nome das vítimas do conflito na Colômbia".

"A guerra, que causou tanto sofrimento e angústia à nossa população, de alto a baixo do nosso belo país, terminou", declarou, solene, o presidente em seu discurso.

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