Hollande

Presidente francês tenta se defender de críticas após atentado de Nice

Emilayne Mayara dos Santos
Emilayne Mayara dos Santos
Publicado em 22/07/2016 às 11:43
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Governo de Hollande tem sido bastante criticado com relação à segurança no dia do ataque em Nice / Foto: AFP

Governo de Hollande tem sido bastante criticado com relação à segurança no dia do ataque em Nice Foto: AFP

O presidente francês François Hollande, que tem sido muito criticado desde o ataque de 14 de julho em Nice, tentou nesta sexta-feira (22) defender a ação de seu governo contra a ameaça terrorista e renovar a confiança no ministro da Interior.

Bernard Cazeneuve, cuja cabeça é exigida por alguns partidos políticos, "tem toda a minha confiança", declarou o chefe de Estado depois de um Conselho de Defesa convocado oito dias após o massacre por um tunisiano de 31 anos na Promenade des Anglais no dia do feriado nacional.

A oposição de direita e também o partido de extrema direita Frente Nacional e comunista PCF questionaram a gestão do ministro, acusado de ter falhado em garantir a segurança nesta cidade da Riviera Francesa, em 14 de julho. 

Naquele dia, o assassino dirigiu seu caminhão contra a multidão reunida para assistir à queima de fogos de artifício, matando 84 pessoas e fazendo mais de 350 feridos, incluindo 12 que "ainda lutam por suas vidas", observou François Hollande, esclarecendo que há vítimas de 18 nacionalidades diferentes.

Em Nice, "foi o mundo inteiro que foi alvo de terroristas", disse ele, ressaltando que o assassino "inspirou-se na propaganda do Daesh (sigla em árabe para o grupo Estado Islâmico) para cometer este crime horrível".

O EI, que assumiu a responsabilidade pelo atentado, ameaçou esta semana em um novo vídeo intensificar os seus ataques contra a França.

Este Conselho de Defesa é o quarto desde 14 de julho, mas o primeiro seguido de uma declaração solene do chefe de Estado no Eliseu.

"A ameaça terrorista vai durar, temos de nos defender", alertou Francois Hollande.

O estado de emergência estabelecido após os atentados de 13 de novembro de 2015 em Paris (130 mortos, centenas de feridos) acaba de ser prorrogada até janeiro, "nós estamos nos precavendo", garantiu.

Ele lembrou que decidiu recorrer aos reservistas da polícia, gendarmaria e exército para apoiar as forças da ordem, atualmente sob pressão em todo o território francês.

Mas o presidente rejeitou qualquer medida contrária "à Constituição e as regras fundamentais do direito". "É por este motivo que (os terroristas) querem nos colocar à prova", disse ele.

O modo operaratório do assassino de Nice, inédito na Europa, bem como seu perfil - desconhecido dos serviços de inteligência assim como seus supostos cúmplices - têm alimentado um forte sentimento de insegurança entre a população.

Vigilância

As questões se concentram na facilidade com a qual o assassino, Mohamed Lahouaiej Bouhlel, foi capaz de seguir por dois quilômetros por uma avenida fechada ao tráfego naquele dia antes de ser morto pela polícia.

Para o deputado de Nice Rudy Salles, citado no jornal Le Figaro, houve uma "queda na vigilância" das autoridades após o final da Eurocopa, durante a qual um forte esquema de segurança havia sido mobilizado.

O primeiro-ministro Manuel Valls considerou na quinta-feira "insurpotável o questionamento permanente da palavra do Estado, do prefeito, da polícia". Entretanto, um inquérito administrativo foi aberto, e François Hollande prometeu resultados "na próxima semana" em nome da "verdade" e "transparência".

A investigação judicial avançou com a condenação e a prisão de quatro homens com entre 21 a 40 anos e de uma mulher de 42 anos, que tiveram contato com o assassino.

Os investigadores constataram que o assassino preparou sua ação por vários meses com "cúmplices" e "apoios", segundo o procurador de Paris, Francois Molins.

Este último citou fotos tiradas por Lahouaiej Bouhlel durante os fogos de artifício de 14 de julho e 15 de agosto de 2015 e numerosas conversas telefônicas com alguns suspeitos, que "corroboam o carater premeditado" e a participação de cúmplices.

Chokri C., Mohamed Oualid G. e Ramzi A. foram indiciados por "cumplicidade em homicídios ligados a uma organização criminosa terrorista". Ramzi A. também foi acusado de "infringir a legislação das armas", assim como um casal de albaneses, Artan H. e Enkeledja Z., suspeitos de envolvimento no fornecimento da arma com a qual Lahouaiej Bouhlel disparou contra a polícia antes de ser baleado.

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