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Permanecem internados e estáveis os feridos na rebelião do Complexo do Curado

Gustavo Belarmino
Gustavo Belarmino
Publicado em 20/01/2015 às 18:55
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O clima é de tensão neste segundo dia de rebelião no Complexo do Curado.  / Foto: Edmar Melo/ JC Imagem

O clima é de tensão neste segundo dia de rebelião no Complexo do Curado. Foto: Edmar Melo/ JC Imagem

A rebelião no Complexo Prisional do Curado, no Sancho, Zona Oeste do Recife, chegou a seu segundo dia com um saldo de três mortos e 30 feridos. A última vítima foi o detento Mario Antônio da Silva, de 52 anos, brutalmente decapitado durante as confusões desta terça-feira (20). Além dele, outro preso sofreu uma tentativa de assassinato, mas foi resgatado a tempo apenas com ferimentos nas mãos.

Das 29 vítimas socorridas nessa segunda-feira (19), nove foram encaminhadas com ferimentos à bala para o Hospital da Restauração, Zona Central do Recife, e apenas três permanecem internadas. O estado de saúde delas é considerado estável pelos médicos. Os outros 20 detentos foram socorridos para o Hospital Otávio de Freitas, na Zona Oeste. A reportagem do NE10 entrou em contato com a comunicação da unidade e não obteve resposta quanto ao boletim médico desses feridos.

VIOLÊNCIA - A rebelião teve início na manhã dessa segunda-feira (19), quando os internos fizeram uma greve de fome e subiram nas lajes e pavilhões do complexo, chegando a atear fogo em colchões.
Durante o tumulto, o sargento da Polícia Militar Carlos Silveira Carmo, 44, foi atingido por uma bala durante uma inspeção na guarita central do complexo. Ele chegou a ser socorrido para o hospital, mas não resistiu e morreu. Do lado de fora a confusão se prolongou pela noite com familiares desesperados sem notícias dos detentos. Outra vítima do primeiro dia de rebelião foi o detento Edvaldo Barros da Silva Filho, de 32 anos.

COMPLEXO DO CURADO - É formado por três unidades: o Presídio ASP Marcelo Francisco de Araújo, o Presídio Frei Damião de Bozzano e o Presídio Juiz Antônio Luiz de Lins Barros. Atualmente, há pouco mais de 6 mil presos espremidos num espaço com capacidade para 1,3 mil detentos.

Em nota, a Polícia Civil de Pernambuco disse que o delegado João Paulo Andrade, da 4ª Delegacia de Homicídios, foi designado para apurar a morte do sargento da Polícia Militar de Pernambuco, ocorrida no Complexo Prisional do Curado.

Edmar Melo/ JC Imagem
Soldados da Tropa de Choque estão no local - Edmar Melo/ JC Imagem
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A polícia está posicionada em pontos como guaritas e muros do complexo - Edmar Melo/ JC Imagem
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Cartazes pedem a presença do TJPE e a saída do juiz da 1ª Vara de Execuções Penais - Edmar Melo/ JC Imagem
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Sem se intimidar com a imprensa, presos posaram para fotos - Edmar Melo/ JC Imagem
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Detentos também exibiam sem medo facões e porretes - Edmar Melo/ JC Imagem
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No segundo dia de rebelião os detentos voltaram a se instalarem a cobertura do Complexo Prisional do Curado - Edmar Melo/ JC Imagem


SISTEMA EM CRISE -
Nos primeiros dias de janeiro, o novo governador de Pernambuco, Paulo Câmara, enfrentou a primeira crise no caótico sistema prisional do Estado. Em apenas quatro meses e uma semana como secretário de ressocialização, Humberto Inojosa renunciou ao cargo. Em seu lugar, assumiu o coronel da PM Eden Vespaziano. Na ocasião, o  secretário de Justiça e Direitos Humanos, Pedro Eurico, anunciou também um pacote de medidas.

A promessa mais ousada foi acabar com a circulação de armas brancas e celulares nas unidades prisionais, feita três dias depois da Rede Globo divulgar flagrantes registrados no Complexo do Curado.  O sistema prisional do Estado é proporcionalmente o mais superlotado do Brasil, com déficit de agentes penitenciários e policiais militares para a segurança e monitoramento. Hoje, existem cerca de 31 mil detentos onde caberiam 10 mil deles.

No Complexo do Curado, uma rebelião foi deflagrada na véspera de Natal e por pouco detentos não conseguiram fugir por um túnel. A Globo divulgou imagens de presos circulando com facões e celulares, sem serem importunados, no complexo, a maior unidade do Estado. No último dia 7, o Batalhão de Choque foi ao local e fez uma varredura, encontrando cerca de 40 armas e celulares.

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