Rebelião no Curado

Enterro de sargento assassinado no Complexo do Curado é marcado por desabafos e críticas

Gustavo Belarmino
Gustavo Belarmino
Publicado em 20/01/2015 às 17:07
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Velório é marcado por desabafo de amigo da vítima / Foto: Edmar Melo/JC Imagem

Velório é marcado por desabafo de amigo da vítima Foto: Edmar Melo/JC Imagem

Na tarde desta terça-feira (20), ocorreu o enterro do sargento Carlos Silveira do Carmo, que foi assassinado no Complexo Prisional do Curado, baleado na cabeça enquanto fazia a inspeção na guarita central que liga as três unidades prisionais. O velório aconteceu no Cemitério Parque das Flores, no bairro da Sancho, Zona Oeste do Recife e foi marcado pelo clima pesado e hostil, além de desabafos sobre as condições dos policiais.

Durante o velório, um sargento reformado, amigo da vítima, criticou o sistema e o descaso sobre a situação dos policiais militares do Estado. Os colegas de trabalho fizeram um toque de silêncio e uma salva de tiros.

Policiais realizam carreata em homenagem ao sargente assassinado

Policiais realizam carreata em homenagem ao sargente assassinadoFoto: Monitoramento CTTU

Os membros do 11º Batalhão de Polícia Militar de Pernambuco homenagearam o sargento com uma carreata pela Avenida Norte e área central do Recife.

VIOLÊNCIA - A rebelião teve início na manhã dessa segunda-feira (19), quando os internos fizeram uma greve de fome e subiram nas lajes e pavilhões do complexo, chegando a atear fogo em colchões.

Durante o tumulto, o sargento da Polícia Militar Carlos Silveira Carmo, 44, foi atingido por uma bala durante uma inspeção na guarita central do complexo. Ele chegou a ser socorrido para o hospital, mas não resistiu e morreu. Do lado de fora a confusão se prolongou pela noite com familiares desesperados sem notícias dos detentos.

COMPLEXO DO CURADO
- É formado por três unidades: o Presídio ASP Marcelo Francisco de Araújo, o Presídio Frei Damião de Bozzano e o Presídio Juiz Antônio Luiz de Lins Barros. Atualmente, há pouco mais de 6 mil presos espremidos num espaço com capacidade para 1,3 mil detentos.

Em nota, a Polícia Civil de Pernambuco disse que o delegado João Paulo Andrade, da 4ª Delegacia de Homicídios, foi designado para apurar a morte do sargento da Polícia Militar de Pernambuco, ocorrida no Complexo Prisional do Curado.

Edmar Melo/ JC Imagem
Soldados da Tropa de Choque estão no local - Edmar Melo/ JC Imagem
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A polícia está posicionada em pontos como guaritas e muros do complexo - Edmar Melo/ JC Imagem
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- Edmar Melo/ JC Imagem
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Cartazes pedem a presença do TJPE e a saída do juiz da 1ª Vara de Execuções Penais - Edmar Melo/ JC Imagem
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Sem se intimidar com a imprensa, presos posaram para fotos - Edmar Melo/ JC Imagem
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Detentos também exibiam sem medo facões e porretes - Edmar Melo/ JC Imagem
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No segundo dia de rebelião os detentos voltaram a se instalarem a cobertura do Complexo Prisional do Curado - Edmar Melo/ JC Imagem

SISTEMA EM CRISE - Nos primeiros dias de janeiro, o novo governador de Pernambuco, Paulo Câmara, enfrentou a primeira crise no caótico sistema prisional do Estado. Em apenas quatro meses e uma semana como secretário de ressocialização, Humberto Inojosa renunciou ao cargo. Em seu lugar, assumiu o coronel da PM Eden Vespaziano. Na ocasião, o  secretário de Justiça e Direitos Humanos, Pedro Eurico, anunciou também um pacote de medidas.

A promessa mais ousada foi acabar com a circulação de armas brancas e celulares nas unidades prisionais, feita três dias depois da Rede Globo divulgar flagrantes registrados no Complexo do Curado.  O sistema prisional do Estado é proporcionalmente o mais superlotado do Brasil, com déficit de agentes penitenciários e policiais militares para a segurança e monitoramento. Hoje, existem cerca de 31 mil detentos onde caberiam 10 mil deles.

No Complexo do Curado, uma rebelião foi deflagrada na véspera de Natal e por pouco detentos não conseguiram fugir por um túnel. A Globo divulgou imagens de presos circulando com facões e celulares, sem serem importunados, no complexo, a maior unidade do Estado. No último dia 7, o Batalhão de Choque foi ao local e fez uma varredura, encontrando cerca de 40 armas e celulares.

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