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Faça login ou cadastre-sePlataforma Brasileira sobre Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos, que reúne 30 pesquisadores de diferentes instituições de todas as regiões do País Foto: EBC
Com o objetivo de contribuir para a aproximação entre conhecimento científico e políticas públicas, foi lançada nesta terça (21), na sede da Fundação de Amparo à Pesquisa do estado de São Paulo (Fapesp), a Plataforma Brasileira sobre Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos (BPBES), que reúne 30 pesquisadores de diferentes instituições de todas as regiões do País, em áreas como ecologia da conservação, economia ecológica, conhecimento tradicional e desenvolvimento sustentável.
“A plataforma [tem o papel] de reunir e sintetizar a informação científica, a melhor informação e o conhecimento disponível para transformar numa linguagem que possa ser utilizada pelos tomadores de decisão. Ou seja, ela vem para cobrir esse distanciamento que há entre a pesquisa científica e a tomada de decisão, para criar e desenvolver uma linguagem que torne isso mais rápido e mais efetivo”, explicou Carlos Joly, coordenador da BPBES e professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
A plataforma corresponde a um grupo de trabalho da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) com apoio do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovação e Comunicação, bem como do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológicodo (CNPq), do Programa Biota/Fapesp e da Fundação Brasileira para o Desenvolvimento Sustentável (FBDS).
A partir dos dados colhidos pela plataforma será feito um diagnóstico para subsidiar o processo de decisões ambientais no Brasil, até 2018, nos mesmos moldes dos diagnósticos desenvolvidos pela Plataforma Intergovernamental sobre Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos, entidade internacional criada em 2012 para oferecer informações científicas para a tomada de decisões políticas.
“A ideia de fazer essa plataforma intergovernamental é de que a gente possa transmitir para os tomadores de decisão – no âmbito público ou privado – as melhores opções que há à disposição”, disse Joly. “O que a gente espera é que ele [tomador de decisão] utilize esses diagnósticos e as conclusões a que o disgnóstico chegou para aperfeiçoar suas políticas”, acrescentou.
Como resultado da plataforma mundial foi apresentado hoje, na Fapesp, o diagnóstico global da IPBES sobre polinização relacionada à produção de alimentos, que contou com a participação de brasileiros entre seus pesquisadores.
“O primeiro diagnóstico foi sobre polinização e polinizadores associados à produção de alimento, mostrando a questão de perda de populações de polinizadores em algumas regiões do mundo, os problemas que isso causa em termos de produção de alimento e o quanto isso vai afetar a vida, o dia a dia das pessoas”, disse o professor. A partir disso, é possível dar aos governos opções de como lidar com a questão de manutenção da população de polinizadores, avaliou Joly.
A prática de desenvolvimento de um diagnóstico, a partir de uma base de dados sobre biodiversidade, já foi adotada anteriormente no estado de São Paulo pelo programa Biota, que nasceu em 1999 financiado pela Fapesp. O programa compartilha dos mesmos objetivos que agora serão aplicados em escala nacional pela BPBES.
“[O Biota] foi uma iniciativa da comunidade científica, pesquisadores que geraram esses dados e, depois de cinco anos alimentando essa base de dados foi possível produzir e traduzir as informações em uma linguagem para o tomador de decisão”, afirmou Joly, que também é coordenador do Biota.
O pesquisador disse que a Secretaria do Meio Ambiente do estado de São Paulo adotou o mapa de áreas prioritárias, com diagnóstico do programa Biota e, a partir dos anos 2007 e 2008, foram criadas novas unidades de conservação ambiental baseadas nessas indicações. “O mapeamento e zoneamento agrícola e econômico da cultura de cana-de-açúcar no estado também foi baseado nesse diagnóstico, mostrando que aquelas áreas – importantes para restauração e conservação – não poderiam ser plantadas com cana, e isso continua sendo seguido”, segundo ele.
“[Esse exemplo] mostrou que é possível a gente fazer essa tradução do resultado científico de alta qualidade – que gerou publicações e gerou a formação de mestres e doutores – também para o uso de aperfeiçoamento de políticas públicas”, avaliou Joly. Este ano, adiantou, uma das resoluções da Secretaria do Meio Ambiente que determina as áreas de restauração, de acordo com o novo Código Florestal, cita as áreas indicadas pelo programa Biota. "Quer dizer: os resultados continuam sendo utilizados”, concluiu.