Meio Ambiente

Além de RJ e SC, Pernambuco é o estado mais vulnerável às alterações no Oceano Atlântico

Eudes
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Publicado em 07/06/2016 às 15:52
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Os oceanos consomem 1/3 do CO2 lançado na atmosfera, aumentando a sua acidez e temperatura / Foto: Alexandro Auler /Arquivo /JC Imagem

Os oceanos consomem 1/3 do CO2 lançado na atmosfera, aumentando a sua acidez e temperatura Foto: Alexandro Auler /Arquivo /JC Imagem

Uma das máximas da megalomania pernambucana é que o Oceano Atlântico "nasceu" do encontro entre os rios Capibaribe e Beberibe. Apesar do orgulho no imaginário popular, a população e o Governo do Estado parecem ignorar os graves problemas provocados pelo aquecimento das águas do Atlântico. Nesta quarta-feira (8), quando se comemora o Dia Internacional dos Oceanos, o pesquisador Moacyr Araújo apresenta no Recife uma pesquisa com informações sobre as consequências do aumento de temperatura e do nível do Oceano Atlântico, além do que pode acontecer na RMR até o ano 2100.

Estudos climáticos mostram que até 2100 o nível do mar deve aumentar entre 90cm e 1m
Moacyr Araújo é coordenador da Rede Brasileira de Pesquisa sobre Mudanças Climáticas

Moacyr Araújo é coordenador da Rede Brasileira de Pesquisa sobre Mudanças Climáticas Foto: divulgação/ UFPE

Coordenador da Rede Brasileira de Pesquisa sobre Mudanças Climáticas (Rede Clima) e professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Moacyr Araújo alerta que Pernambuco, Rio de Janeiro e Santa Catarina são os estados brasileiros mais vulneráveis às alterações no oceano, pela localização geográfica. “Muitos cometem o equívoco de achar que o oceano não tem relevância em relação às mudanças climáticas, mas é o exatamente contrário. Os oceanos consomem 1/3 do CO2 lançado na atmosfera, aumentando a sua acidez e temperatura, afetando a vida marinha e a interação entre ‘oceano-atmosfera’”, explica o especialista que também é membro do Conseil d´Orientation Stratégique e Scientifique de la Flotte Océanografique Française (COSS-FLOTTE).

De acordo com o professor, o prolongamento da seca e das áreas de desertificação no Sertão pernambucano; o avanço do mar e da erosão no Litoral (que atinge seriamente os municípios de Paulista, Olinda, Recife e Jaboatão) e a maior frequência de fenômenos raros como os fortes ventos que atingiram o Grande Recife em janeiro deste ano possuem relação direta com o aumento de temperatura e de nível do oceano. “Pernambuco possui uma extensão de 800 km, com reflexos distintos no semiárido, como o aumento da desertificação, e o sério problema do avanço do mar no litoral. O aquecimentos das águas também provoca o aumentos de ventos extremos”.

NÍVEL DO MAR - Segundo especialista, estudos mostram que até 2100 o nível do mar deve aumentar entre 90cm e 1m. “Hoje, o Grande Recife está 4 metros acima do nível do oceano, o que é muito pouco. O avanço em um metro deve inundar várias áreas da RMR, como mostra a pesquisa que vou apresentar nesta quarta”, adianta o especialista.

Com o tema “Oceanos e Mudanças Climáticas: Impactos e vulnerabilidades do Estado de Pernambuco, a palestra será realizada às 10h desta quarta na sede da Secretaria de Meio Ambiente do Estado (Semas), que fica na Avenida Conselheiro Rosa e Silva, n. 1339, Jaqueira. O evento, que é aberto ao público, integra a programação do Mês do Meio Ambiente de Pernambuco.

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