Ilustração do pterossauro feita pelo paleoartista Maurílio OliveiraFoto: divulgação
De acordo com as características físicas do dinossauro, acredita-se que o animal se alimentava de peixes. “A crista fina e os dentes à frente do crânio ajudavam a romper a superfície da água para pegar os peixes”, explicou a professora Juliana Sayão, do Centro Acadêmico de Vitória (CAV)/UFPE e do Programa de Pós-Graduação em Geociências do Centro de Tecnologia e Geociências (CTG), Campus Recife/UFPE.
A docente integra a equipe de pesquisa junto com os professores Gustavo Oliveira (Departamento de Biologia/UFRPE) e Antônio Álamo Saraiva (Laboratório de Paleontologia/Urca), além do doutorando em Geociências Renan Bantim (UFPE), que analisou o fóssil na sua pesquisa de dissertação do Mestrado em Geociências da UFPE, sob a orientação de Juliana Sayão. Esta é a primeira vez que uma espécie de pterossauro é descrita por um grupo de pesquisadores sediado no Nordeste do País.
O fóssil do crânio foi coletado, em 2010, sobre o solo, sem necessidade de escavação, um fato comum no Sítio São Gonçalo (o terreno é uma propriedade privada e pertence ao diretor do Museu de Paleontologia de Santana do Cariri/Urca, professor Plácido Cidade Nuvens). Na época, Renan Bantim era aluno de graduação do curso de Ciências Biológicas da Urca, então, o material foi guardado para estudo durante a pós-graduação dele, iniciada no ano seguinte, na UFPE.
A nova espécie de pterossauro é da Era Mesozoica, período Cretáceo, e viveu na região da Bacia Sedimentar do Araripe, localizada no sul do Ceará, alcançando os estados de Pernambuco e Piauí. Antes do Maaradactylus kellneri, a última identificação de uma nova espécie de pterossauro dentado (Anhangueridae) no local aconteceu em 2003.
O estudo de achados paleontológicos prossegue na Bacia Sedimentar do Araripe. Os professores Juliana Sayão e Gustavo Oliveira realizam duas excursões didáticas ao ano, cada um, com alunos de graduação e pós-graduação. Também são feitas coletas e escavações periódicas por grupos de pesquisadores no local.
O NOME - A origem do nome Maaradactylus remonta a uma lenda dos índios Cariri, que habitaram a região sul do Ceará. Os longos dentes do pterossauro fazem alusão à lenda de Maara, filha do chefe da tribo que, por um feitiço, foi transformada em um monstro com grandes dentes que atraía e abocanhava pescadores no rio. A terminação “dactylus” (do grego “dedo” – em alusão ao “dedo de voo”) é normalmente atribuída a animais desse gênero. Já kellneri homenageia o pesquisador Alexander Kellner, do Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).