Rebelião

Alcaçuz: presos ainda se mantém nos tetos do presídio mas não há mais confronto

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Publicado em 17/01/2017 às 10:38
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 / Foto: AFP

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Após três dias da rebelião que resultou em 26 mortes no Presídio de Alcaçuz, no Rio Grande do Norte, o clima no complexo penitenciário estabilizou na madrugada desta terça-feira (17). Ao amanhecer, os presos permaneciam soltos dentro dos pavilhões e posicionados em cima dos telhados, mas não houve tumulto segundo afirmaram familiares que acompanharam a situação do lado de fora dos muros e criticaram o governo estadual por ainda não ter conseguido retomar o controle do maior complexo prisional potiguar. As informações são do jornal Tribuna do Norte.

As mortes que ocorreram durante o motim, que teve como combustível o clima de confronto entre integrantes locais do PCC (Primeiro Comando da Capital) e o Sindicato do Crime do RN - aliado ao CV (Comando Vermelho), foram consideradas pelo juiz titular da Vara de Execuções Penais de Natal, Henrique Baltazar Vilar dos Santos, resultado da falta de controle do Governo Estadual sobre o sistema prisional. De acordo com o magistrado, precisam ser apuradas possíveis falhas que tenham permitido a saída dos presos da Penitenciária Estadual Rogério Coutinho Madruga, o "pavilhão 5", que estava sob domínio do PCC, e a posterior invasão do pavilhão 4, dominado pelo Sindicato do Crime do RN. 

Os ânimos começaram a se acalmar depois da transferência de cinco detentos do pavilhão 5, na tarde dessa segunda-feira (16), identificados como líderes do PCC e suspeitos de terem encabeçado a rebelião. Integrantes dessa facção subiram aos telhados da penitenciária para anunciar o fim da rebelião e se comunicarem com familiares com gritos e gesticulações. As cenas foram observadas por policiais militares das guaritas e da Força Nacional, que faz a segurança externa da unidade, conforme apurou o Tribuna do Norte. Mais cedo, no mesmo dia, membros da facção rival Sindicato do Crime do RN hastearam bandeiras no pavilhão 1 cujos dizeres pediam a transferência do PCC e avisavam que "queriam paz", mas que "não iriam fugir da guerra". 

Ainda nesta terça-feira, o presidente do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Norte, Expedito Ferreira, afirmou que acionará juízes, representantes do Ministério Público, da Defensoria Pública e da Ordem dos Advogados do Brasil para definir esquema estabelecido pela presidente do STF, Cármen Lúcia, para agilizar a finalização dos processos dos presos provisórios.

Como ocorreu

 

A rebelião teve início por volta das 16h30 do último sábado (14) quando detentos do pavilhão 5, membros da facção Primeiro Comando da Capital invadiram o pavilhão 4, dominados por integrantes do Sindicato do Crime do RN, onde ocorreram a maioria das mortes. A maioria dos corpos foi decapitada. As duas facções disputam espaço dentro dos presídios e também nas ruas potiguares pelo controle do tráfico de drogas, comércio de armas e outras crimes. 

Tentando escapar da investida, os detentos do pavilhão 4 se refugiaram em outros pavilhões e ocuparam o teto do presídio. O tumulto fez com que os agentes penitenciários recuassem e os muros foram reforçados com homens da Força Nacional e da PM. Um grupo de presos autodenomiados como "A Massa" deu apoio aos identificados como PCC e o Sindicato do Crime do RN chegou a revidar.

No início da madrugada do domingo (15), as forças de segurança tentavam manter as faccões separadas atirando e utilizando bombas de efeito moral. Ao amanhecer, as tropas se prepararam para entrar no presídio e reestabelecer o controle com ações de separação e revista dos detentos, que não reagiram. Além dos 26 mortos, outros 18 presos ficaram feridos.

As vítimas começaram a ser removidas de Alcaçuz na noite do domingo (15). Na tarde dessa segunda-feira, o Instituto Técnico-Científico de Perícia (Itep) começou o processo de identificação das vítimas e deu previsão de 30 dias para a liberação do último corpo, devidoao estado em que se encontram. 

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