Septicemia

Piercing mal colocado pode ter matado jovem em São Paulo

Ne10
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Publicado em 14/10/2006 às 12:37
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Um piercing colocado sem os devidos cuidados é apontado pelos médicos como a causa da morte da adolescente Thaís Jesus da Silva Vaz, de 13 anos, na última segunda-feira, no Hospital Nossa Senhora do Monte Serrat, em Salto, a 102 km de São Paulo. A menina foi vítima de septicemia, uma infecção generalizada que segundo os médicos, teve início na região do umbigo, local onde a garota colocou o piercing.

É o primeiro caso em que o adereço de metal, utilizado como adorno em várias partes do corpo por jovens e adultos, é relacionado como possível causa de morte. Familiares de Thaís contaram que ela ganhou a peça, que já estava usada, há quatro meses. A adolescente furou o umbigo com uma agulha de costura, provavelmente não esterilizada, com a ajuda de três amigas.

A menina escondeu o fato dos familiares durante duas semanas, mas começou a se queixar de dores abdominais. Uma tia de Thaís a levou ao hospital no dia 29 de setembro. Depois de medicada, a garota foi liberada, mas passou a ter febre alta. No dia seguinte, voltou ao hospital e, internada, entrou em estado de coma.

Transferida para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI), passou por uma cirurgia exploratória na região do abdome. Os médicos não encontraram sinais, nos órgãos internos, que indicassem a origem da infecção. Detectaram, no entanto, um foco de infecção na região do umbigo.

Segundo o médico Sebastião Nascimento Travassos, do corpo clínico do hospital, o local apresentava mau cheiro. "O cirurgião encontrou pus no interior da cavidade abdominal, o que pode indicar que o peritônio, a membrana que envolve o intestino foi perfurado durante a aplicação." Segundo o médico, a garota retirou o piercing quando começou a doer, "mas a porta para a infecção já estava aberta". Travassos lembrou que o umbigo é uma cicatriz, com grande concentração de vasos, e o local mais próximo do peritônio. "Não sou contra a colocação de piercing, desde que seja feita por pessoa habilitada, com material de qualidade e a assepsia necessária."

Ele lembrou que é atribuição da Vigilância Sanitária o controle das casas que fazem tatuagens e colocação de piercings. "Nesse caso, sabemos que a colocação foi feita por pessoas não habilitadas e sem qualquer cuidado até mesmo higiênico."

O tatuador Alexandre Chocair, de uma das mais antigas clínicas de piercing e tatuagem de Sorocaba, disse que, em 15 anos, nunca tinha visto um caso semelhante ao da garota de Salto. "Já vi fazerem loucuras aos montes, mas nunca com esse tipo de conseqüência."

Segundo ele, a colocação de piercing no umbigo é uma das mais difíceis, pois a perfuração pode demorar até um ano para cicatrizar. "Pode acontecer de ficar vermelho e, em alguns casos até inflamar, mas geralmente cicatriza." Os equipamentos utilizados na colocação do piercing devem ser esterilizados em autoclaves especiais, iguais às usadas em hospitais. "A maioria não usa esses equipamentos", reconhece.

Fonte: Agência Estado

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