Religiões afro são alvos mais comuns de intolerância no Brasil

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Religiões afro são alvos mais comuns de intolerância no Brasil

Anna Tiago
Publicado em 16/11/2015 às 16:35
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Sinagoga aproxima a sociedade do judaísmoFoto: divulgação

Jader destaca que, após a reinauguração da sinagoga Kahal Zur Israel, a primeira das Américas, localizada na Rua do Bom Jesus, no Recife Antigo, há uma maior aproximação da sociedade com o judaísmo. “Tem havido muitas visitas de escolas, por exemplo, e isso tem sido interessante paras pessoas conhecerem mais e desmitificarem algumas coisas”, conta.

DENÚNCIAS -
Enquanto muçulmanos e judeus, aparentemente, não se sentem tolhidos devido à religião que seguem no Brasil, crenças de matrizes africanas sofrem constantes ataques. De 2011 a 2014, foram registrados 75 casos de intolerância contra essas religiões pelo Disque Denúncia da Secretaria de Direitos Humanos (SDH) da Presidência da República. “Até o meio do ano passado, a religião de matriz africana é a que mais sofre intolerância e a que mais recebemos denúncias”, diz o coordenador da Assessoria de Diversidade Religiosa e Direitos Humanos da SDH, Alexandre Brasil.

De 2011 até fevereiro deste ano, foram registradas 535 denúncias de intolerância religiosa. “A cada três dias, recebemos uma denúncia relacionada a esse tipo de discriminação. Desde o século 18, há uma série de episódios que envolvem religião em situações muitas vezes associadas a outros elementos, como racismo, disputas patrimoniais e financeiras”, ressalta Alexandre.



E OS SEM RELIGIÃO? - 
"Ah, mas vocês são ateus, como podem fazer caridade?". O questionamento, publicado na página Ateus e Agnósticos de Pernambuco (APE) após uma campanha de doação de sangue, exemplifica o preconceito que também atinge aqueles que não têm religião.

De acordo com pesquisa da Fundação Perseu Abramo, que entrevistou mais de 2 mil pessoas no Brasil, os ateus estão em primeiro lugar no quesito "repulsa/ódio", empatados com usuários de drogas. “O preconceito contra ateus é comum em qualquer lugar do mundo. Em Pernambuco, é comum pessoas associarem violência, intolerância ou quaisquer atos imorais ou ilegais a ateus”, diz o presidente da APE, Pedro Guimarães.

Ele conta que, há cerca de um ano, uma adolescente procurou a APE para denunciar que um professor da escola pública estadual onde estuda tentou obrigá-la a participar de uma oração. "Fomos à Secretaria de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos, fizemos uma reclamação formal e prestamos queixa à polícia. O professor, a diretora e a escola foram notificados e obrigados a oferecer palestras sobre o Estado laico", detalha.

O grupo vem lutando para combater a imagem negativa em relação aos ateus organizando palestras, promovendo campanhas de doação de sangue e fazendo ações de solidariedade. “Precisamos fazer com que as pessoas entendam que não somos diferentes de ninguém. Trabalhamos, estudamos, constituímos família, pagamos impostos, nos divertimos e sofremos como qualquer outro cidadão. O que talvez nos diferencie é que nosso código moral e de ética não vem de princípios religiosos, mas de princípios seculares e humanistas”, ressalta Pedro.

Para Daniel Sottomaior, presidente da Associação Brasileira de Ateus e Agnósticos (Atea), o combate ao preconceito contra os sem religião é complicado no Brasil. “O preconceito existe e é muito forte. Você não vai ver casos de violência, porque não tem como identificar um ateu no meio da multidão, como acontece com um seguidor de umbanda ou um homossexual. Mas todos os dias existem pessoas que dizem que ateus merecem morrer, que são canalhas, mas não acontece nada, porque essa é a opinião da socieda e não há comoção nacional”, lamenta Sottomaior.

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