Universo dos livros

Público infanto-juvenil é filão da literatura atual

Germana Macambira
Germana Macambira
Publicado em 08/10/2015 às 15:45
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A Bienal do Livro de Pernambuco tem estandes movimentados voltados para o público infanto-juvenil / Foto: divulgação

A Bienal do Livro de Pernambuco tem estandes movimentados voltados para o público infanto-juvenil Foto: divulgação

O setor livreiro em 2014 - de acordo com levantamento feito pela Câmara Brasileira de Leitura (CBL) - cresceu 0,86%. Foram lançados no mesmo ano pouco mais de 60 mil exemplares, um pouco menos do que em 2013, quando foram comercializadas mais de 62 mil publicações. E os livros de colorir, que já estiveram entre os ‘salvadores da pátria’, deram lugar a outro gênero que pode alavancar esse índice em 2015: a literatura infanto-juvenil.
 
“É um dos que mais têm contribuído nas vendas”, comentou o gerente da Livraria Imperatriz do Shopping Plaza Casa Forte, Martins Oliveira. É também o gênero apontado como um dos mais procurados na X Bienal Internacional do Livro de Pernambuco - que segue até a próxima segunda (12), no Centro de Convenções de Pernambuco. Embora a organização ainda não fale em números, a tendência é que os jovens leitores se apoderem, cada vez mais, do universo da leitura.



“Quando Pedro completou quatro anos, passei a frequentar livrarias com ele. Os espaços destinados a crianças é atrativo e colabora com a inserção desse público na leitura. Hoje, aos 11 anos, ele se debruça em títulos que personificam o seu universo através das letras”, comentou a fisioterapeuta e mãe do pequeno leitor, Cecília Bezerra, 39, que continua frequentando com assiduidade os ‘cantinhos’ destinados ao público infantil da Livraria Cultura do Shopping RioMar.
 
A tendência infanto-juvenil pode ser confirmada pelos números do último levantamento do Instituto Nielsen que, quinzenalmente, elenca o ‘Top 20’ dos livros mais vendidos. Na lista mais recente, os dois volumes do título como Eu Fico Loko, do catarinense Christian Figueiredo, estão entre os primeiros, assim como versões do Pequeno Príncipe, do francês Antoine de Saint-Exupéry.

Veja quais são os vinte títulos elencados pela pesquisa:
 
1- Grey, de E.L.James

2- Muito Mais que Cinco Minutos, de Kéfera Buchuman

3- Philia, do Pe. Marcelo Rossi

4- Eu Fico Loko 2, de Christian Figueiredo

5- Não se Iluda Não, de Isabela Freitas

6- Ansiedade: Como Enfrentar o Mal do Século, de Augusto Cury

7- Morri Para Viver, de Andressa Urach

8- A Mágica de Arrumação, de Marie Kondo

9- Cozinha Prática, de Rita Lobo

10 - O Pequeno Príncipe, de Antoine Saint-Exupéry

11-  A Garota na Teia de Aranha, de David Lagercrantz

12- Eu Fiko Loko, de Christian Figueiredo

13- Um Ano Inesquecível,de Paula Pimenta, Babi Dewet, Bruna Vieira e Thalita Rebouças

14 -Abílio, de Cristiane Correia

15- História do Futuro, Miriam Leitão

16 - Jardim Secreto,de Johanna Basford

17 - Não se Apega Não, de Isabela Freitas

18 - A Garota no Trem, de Paula Hawkins

19 -Carlos Wizard - Sonhos não têm Limite, de Ignácio de Loyola Brandão

20 -A Herdeira, de Kiera Cass


A IMPORTÂNCIA DA LEITURA -  Reiterando os versos de Luiz Fernando Veríssimo que abriram esta matéria, vale reiterá-los com as palavras da pedagoga e doutora em Linguística Aplicada Carmi Ferraz: “O importante é ler. É ter acesso. Ler bem. Não importa o quê”.

Mas a professora questiona, em paralelo aos números de livros e leitores do País, a qualidade da leitura e a forma pela qual os conteúdos são abstraídos. “É preciso ler, mas, acima de tudo, questionar o que se está lendo. E essa é a principal deficiência dos velhos e novos leitores”, observou a professora.

Apesar de considerar interessante o crescimento da venda de livros com as novas ferramentas de utilização de leitura - incluindo plataformas que disponibilizam gratuitamente o acesso à leitura -, a professora indaga as estratégias equivocadas no processo de leitura. “O leitor precisar se inserir no que lê, questionar, enxergar as mensagens subliminares. E as salas de aula insistem em repassar decodificações aos alunos que leem, porém não abstraem as mensagens.

Corrobora com a opinião a jornalista e doutora em educação Regina Scarpa, quecomemora o número de exemplares que foram garantidos nos últimos anos nas escolas do País. No entanto salienta a forma equivocada com que os livros são tratados e repassados para o público.

Na Bienal Internacional do Livro de PE, o público infanto-juvenil aprende um pouco mais sobre o universo dos livros

Na Bienal Internacional do Livro de PE, o público infanto-juvenil aprende um pouco mais sobre o universo dos livrosFoto: Ivelise Buarque/divulgação

“Os livros precisam ser mais usados e menos valorizados enquanto patrimônio. As escolas comportam um número interessante de exemplares, mas não consegue repassá-los, de forma satisfatória, aos alunos e à comunidade de uma forma geral”, salientou Regina. “Em uma pesquisa recente com crianças no final da pré-escola, ficou constatado o quanto pode ser positivo passar as publicações às mãos das crianças. As escolas que emprestam e deixam que os alunos manuseiem a leitura fazem a diferença em relação a espaços que apenas conservam um acervo".

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