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Anjos de Rosa ajudam pacientes de câncer no Recife

Cássio Oliveira
Cássio Oliveira
Publicado em 01/10/2015 às 16:15
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Maria da Paz ajuda pacientes com câncer no HCP e usa seios postiços para ensinar como é a prevenção a partir do auto exame da mama  / Foto: Mayra Cavalcanti

Maria da Paz ajuda pacientes com câncer no HCP e usa seios postiços para ensinar como é a prevenção a partir do auto exame da mama Foto: Mayra Cavalcanti

Os tradicionais jalecos brancos se misturam com batas rosas nos corredores do Hospital de Câncer de Pernambuco (HCP), em Santo Amaro, área central do Recife. Isso porque os voluntários da Rede Feminina de Combate ao Câncer, que completa 70 anos em novembro, já se tornaram parte fundamental do tratamento oferecido pela unidade médica.

Importantes no tratamento de pessoas com câncer, os "anjos rosas", como são chamados carinhosamente pelos pacientes, entregam,  além de remédios e alimentos, muito carinho e apoio para quem passa os dias no hospital. Por isso são tão parabenizados por aqueles que seguem firmes na luta contra o câncer de mama.

De acordo com a coordenadora da Rede Feminina, Maria da Paz Azevedo, 59 anos, o trabalho voluntário é um antidepressivo. "Meu foco é na autoestima das pacientes porque quanto mais amparadas, mais forte elas estarão na luta contra a doença. E nós, que somos voluntários, devemos encarar o trabalho como um antidepressivo. Todo o estresse da minha atividade acaba a partir do momento que chego aqui ao Hospital de Câncer", disse. 

A instituição conta, atualmente, com 250 voluntários, sendo 215 mulheres e 35 homens envolvidos nas diversas ações de solidariedade. Dentre os voluntários estão pacientes em tratamento e ex-pacientes que já venceram a luta contra o câncer. "Tento todos os dias motivá-los e mostrar que o câncer não é o fim da vida”, concluiu Maria da Paz.

Diariamente, a equipe se reúne para oferecer duas refeições aos que fazem tratamento na unidade de saúde e seus familiares. É um chá da manhã, com bolachas, pães, bolos, munguzá, iogurte e biscoitos. E um sopa de carne e legumes, no almoço.

O hospital entra com a mão de obra (cozinheiro e nutricionista) e o grupo oferece os alimentos, muitas vezes doados por terceiros. Quem tem interesse de ser voluntário deve passar por um estágio de 90 dias na unidade para depois fazer parte da Rede Feminina.

FAZENDO O BEM PELO BEM - Voluntária na Rede Feminina, Janine Guerra do Nascimento, 44 anos, teve câncer de mama e, a cada seis meses, volta ao hospital para uma nova avaliação. Ela lembra que a forma como foi acolhida quando chegou ao HCP pela primeira vez foi essencial para motivá-la, por isso tornou-se uma voluntária, para que pudesse ajudar outras pacientes. 

LENÇOS DE AMOR - Quando a recifense, de 33 anos, Guiong Lee, foi diagnosticada com câncer de mama no final de 2013, ela decidiu fazer o bem, não se abater e disseminar amor ao lançar a campanha “Lenços de Amor”, que faz a doação de lenços a quem está em tratamento.

Através do Facebook, Guiong pede arrecadações dos acessórios para compartilhar com outras guerreiras. Lee conta que descobriu muito sobre si mesma depois da doença: “Eu achava que o cabelo era a moldura do rosto. Me enganei. A moldura do rosto é o sorriso”, conta.

Para realizar a doação de lenços, é fácil. Basta entrar em contato com a organizadora no próprio Facebook. Caso o doador não tenha condições de ir até a casa de Guiong, ela mesma se encarrega de pegar. 

Ela também ministra uma oficinas em que ensina várias formas de se usar lenços a mulheres que passam por quimioterapia e arrecada leite e sustagem para para doar aos pacientes.

TROQUE FIOS DE CABELO POR FIOS DE ESPERANÇA - Uma das coisas mais bonitas que a gente vê no trabalho do voluntariado, que vai desde serviços de beleza, oficinas itinerantes de renda e crochê nas enfermarias, é a confecção de perucas para mulheres em tratamento.  

Um grupo que cuida da autoestima das mulheres, liderado pela cabeleireira Silene Dehmen, aprendeu a costurar perucas para as pacientes em tratamento de quimioterapia.

O primeiro passo é separar os cabelos por mexas (tamanhos e cores) semelhantes. Três mexas de doadores diferentes normalmente dão para produzir uma peruca de cabelo natural. Lembrando: a dica é pedir para as pessoas lavarem o cabelo antes e cortarem pelo menos 25 centímetros. 

Silene Dahmen fecha o salão de beleza do qual é proprietária todas as quartas-feiras só para se dedicar à produção de perucas. “Como sou cabeleireira, já sabia fabricá-las. Achei que seria um egoísmo da minha parte não utilizar esse conhecimento para ajudar outras pessoas. Fazer esse trabalho é gratificante”, explica Silene.

Ainda segundo a cabeleireira, uma reportagem mudou sua vida. "Eu vi a reportagem sobre as doações e vi a necessidade dos pacientes, em especial de uma menina que estava triste por não ter mais cabelo, então me senti no dever de dar o meu trabalho para as pessoas que têm câncer. Eu nunca fiz curso de peruca e sei fazer. Então se Deus me deu isso de graça, porque não doar?", afirmou.

AJUDA PRA QUEM VEM DE LONGE - No próximo dia 15, a Casa de Mirella, que foi inaugurada por voluntários da Rede Feminina Estadual de Combate ao Câncer de Pernambuco e terá capacidade para atender 40 pessoas, completa três meses de funcionamento.

A Casa atende à pacientes do Hospital de Câncer de Pernambuco (HCP) e acompanhantes que moram no interior do Estado. O local é voltado exclusivamente para pessoas em tratamento no HCP, um diferencial das outras casas de apoio que não abrigam apenas pacientes com câncer.

“Até agora, os pacientes do HCP se dividiam em casas que não eram direcionadas para eles. Isso não é adequado por causa da imunidade necessária ao tratamento do câncer. Aqui, eles terão acolhimento com suporte de uma técnica de enfermagem voluntária e de uma equipe multiprofissional do hospital”, explica Maria da Paz Azevedo, coordenadora da Rede Feminina.

SERVIÇO

» Doações para a Rede Feminina de Combate ao Câncer, no Hospital de Câncer de Pernambuco (HCP), localizado na Avenida Cruz Cabugá, 1597, bairro de Santo Amaro: 81 3217-8236.

» Casa de Mirella, na Rua Frei Afonso Maria, em Amaro Branco, Olinda: 81 3494-1406. 

» Doações de cabelo para confecção de perucas: 81 3217-8236 ou (81) 99630-4742

» Doações de lenços: (81) 99721-2565

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