Olhar Interior

151 mulheres

Publicado em 15/01/2004 às 19:15
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Cento e cinqüenta e uma mulheres perderam a vida em 2003, no Estado de Pernambuco, vitimas de violência. É um número expressivo demais para passar desapercebido.

Isso é um horror. É importante buscarmos as causas. E essas nos parecem estar no processo de educação, revestido de um arraigado e profundo machismo cultural. A força do homem prevalecendo sobre a fragilidade física da mulher.

A indignação que esses números mostram deve ser estendida a todas as casas deste Estado e do nosso País. Porque se formos olhar para os outros Estados, com maior ou menor índice, não devem ser tão diferentes os números. Mesmo que Pernambuco sobressaia-se. O que significa que se multiplicarmos este número por no mínimo 24 Estados teremos mais de 2000 mortes de mulheres por violência em nosso País.

São números assustadores. Para todos nós.

A sugestão que fica é a de que cada mulher e homem consciente possam falar destes números e desta violência. Em todos os cantos. Em casa, no trabalho, na escola, nos centros comunitários. Na imprensa. Denunciar este primitivismo urge. Todos os homens têm que ouvir que isto é um absurdo.

Esperamos que o Estatuto do Desarmamento seja posto em prática. Às mães, cabe a tarefa de fazer com que seus filhos cresçam distantes de princípios machistas que colocam os meninos em posição de superioridade às meninas. É no interior das famílias e dos lares que se forma este machismo no interior dos homens. As mães têm uma função especial neste processo. Elas são capazes de mudar este paradigma. Como muitas mães não têm a educação necessária para enxergar estes aspectos, cabe à pessoa que tem esta consciência alertar cada vez mais as populações mais pobres e penalizadas com a ausência de uma educação formal.

A sensação é a de que temos, todos, de botar a boca no trombone e formar uma orquestra de vozes antiviolência. Para que as próximas gerações possam existir com este mal dissolvido pela raiz.

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