A Holanda tornou-se na segunda-feira o primeiro país do mundo a legalizar a venda de maconha em farmácias para doentes de câncer, Aids e esclerose múltipla, disse o Ministério da Saúde do país.
O governo holandês está disponibilizando o medicamento no momento em que aparecem pressões para que uma medida semelhante seja adotada na Grã-Bretanha, no Canadá, na Austrália e nos EUA.
Os médicos da Holanda poderão receitar a maconha para aliviar a dor, a náusea e a perda de apetite em doentes de câncer e de Aids, para aliviar os espasmos de dor dos doentes de esclerose múltipla e para reduzir os tiques físicos ou verbais de pessoas com a síndrome de Tourette.
"A partir de 1o. de setembro de 2003, as farmácias poderão vender a cannabis (maconha) para doentes mediante a apresentação de uma receita. A cannabis possui um efeito positivo para muitos doentes", afirmou o Ministério da Saúde.
A Holanda, onde a prostituição e a venda de maconha em bares foram regularizadas pelo governo, possui um histórico de pioneirismo quando o assunto são reformas sociais. O país foi também o primeiro a legalizar a eutanásia.
Duas empresas holandesas receberam licença para cultivar um tipo especial de cannabis a fim de vendê-la para o Ministério da Saúde, que empacotará e etiquetará a droga a ser vendida em pequenos tubos para as farmácias.
Assim como as farmácias, 80 hospitais e 400 médicos terão autorização para fornecer doses de 5 gramas da maconha medicinal SIMM18 por 44 euros o tubo. Um outra variante, a Bedrocan, mais potente, estará disponível por 50 euros.
O Ministério da Saúde recomenda que os pacientes diluam a cannabis em um chá ou que a transformem em um spray.
DOENTES DE AIDS ELOGIAM DECISÃO
A associação de doentes de Aids da Holanda recebeu com satisfação a decisão do governo de permitir a venda da droga para fins medicinais.
"Estamos satisfeitos com o fato de o governo reconhecer que a maconha pode melhorar a qualidade de vida de algumas pessoas", disse Robert Witlox, diretor-executivo da HIV Vereniging. A associação quer agora que as seguradoras de saúde paguem pela maconha medicinal como pagam por outros remédios.
O governo, que reconhece que muitos doentes crônicos já compram maconha nos bares do país, disse que a droga só deve ser prescrita pelos médicos quando os tratamentos convencionais tiverem sido esgotados ou quando provocarem efeitos colaterais indesejados.
O Ministério da Saúde estima que até 7.000 pessoas na Holanda vêm usando a cannabis para fins medicinais. Esse número, segundo estimativas oficiais, pode agora dobrar.
A maconha apresenta vários antecedentes de uso medicinal.
Foi usada pelos chineses cerca de 5.000 anos atrás. A rainha Vitória, da Grã-Bretanha, teria tomado a droga para combater dores menstruais.
Fonte: Reuters/Uol