
O excesso de velocidade é a principal causa acidente por atropelamento Foto: Rodrigo Lobo/arquivo/JC Imagem
- Dpvat: como requerer o seguro para vítimas de acidente de trânsito
- Motociclistas são quase metade dos mortos em acidentes de trânsito em Pernambuco
A aposentada Judith Lins da Silva, 80, escapou de entrar na lista de vítimas fatais. Em maio 2013, ela saiu de casa, em Piedade, em Jaboatão dos Guararapes, no Grande Recife, para comprar um presente para a sobrinha no bairro vizinho de Prazeres. Quando tentou atravessar a Avenida Barreto de Menezes, foi atropelada por uma moto de 50 cilindradas, as populares cinquentinhas. Desde então, a vida dela não foi a mesma.

Judith Lins foi atingida por uma moto em alta velocidadeFoto: cortesia
De acordo com Ivson Correia, gerente da Escola de Trânsito do Departamento Estadual de Trânsito de Pernambuco (Detran-PE), “quando o condutor não respeita os limites de velocidade, assume o risco de cometer um atropelamento. Isso porque, quanto maior a velocidade, maior a necessidade do que chamamos de distância de parada total do veículo”, explica Correia, acrescentando que os limites de velocidade da vias são estabelecidos, principalmente, pelo fluxo de pedestres. No Bairro do Recife, por exemplo, foi instituída a Zona 30 (limite máximo de 30 km/h) para os motoristas que trafegam no local. Nos vias urbanas, o limite pode chegar até 80 km/h.

Somente entre os meses de janeiro a março deste ano, 322.247 motoristas foram multados em Pernambuco por excesso de velocidade. De acordo com Ivson Correia, a gravidade da lesão sofrida por uma vítima de atropelamento está relacionada com a velocidade do veículo. Uma pessoa atropelada por um veículo a 60 km/h sofre o impacto correspondente a uma queda do 11º andar de um edifício. A 80 km/h, o impacto é parecido com uma queda do 20º andar. A 120 km/h, a altura da queda sobe para o 45º andar.
“Os atropelamentos em adultos quase sempre produzem fratura de membros inferiores, com lesões secundárias no restante do corpo. Em crianças, compromete a bacia e o tronco, além de impactos na região da cabeça”, explica o gerente do Detran.
PEDESTRE – Nem sempre o motorista é o culpado por um atropelamento. Muitos pedestres não respeitam a sinalização e preferem arriscar a vida a caminhar poucos metros para atravessar na faixa de pedestre. Outro risco muito comum aos pedestres acontece quando decidem atravessar as vias de mão única na frente de veículos estacionados. “A orientação é que a travessia seja feita por trás do veículo que está parado. Assim, se um segundo veículo estiver realizando a ultrapassagem, poderá visualizar o motorista”, explica Ivson.

Ao atravessar vias paradas, o pedestre deve evitar os corredoresFoto: Guga Matos/arquivo/JC Imagem
Se o adulto decidir atravessar com uma criança, o cuidado deve ser redobrado. “Os pais nunca devem permitir que crianças menores de 10 anos atravessem sozinhas. Uma orientação é segurá-la pelo pulso e não pelas mãos, evitando que se solte na hora da travessia”. De acordo com o Ministério da Saúde, mais de 600 crianças de zero a nove anos de idade morrem por ano no Brasil vítimas desse tipo de acidente.
» Roupas claras podem evitar acidentes
Uma pesquisa realizada pelo Centro de Experimentação e Segurança Viária (Cesvi-Brasil) constatou que os pedestres que usam roupas claras, principalmente à noite, ajudam - e muito - na visualização dos motoristas.
A pesquisa avaliou as situações nas quais os pedestres são vistos pelos motoristas quando iluminados apenas pelo farol do veículo. Foram medidas duas distâncias: a primeira quando condutor detecta algo a sua frente, e a segunda quando identifica o pedestre. Confira o resultado no quadro abaixo:

As medições foram realizadas em uma pista de testes, sem iluminação artificial, em uma noite de lua nova. Os condutores dirigiram um veículo de teste, com farol baixo aceso, circulando pela pista à velocidade constante de 50 km/h.
QUEDA – Apesar de o número de atropelamentos ainda ser considerado alto, os acidentes estão caindo em Pernambuco. De acordo com o DataSUS, central de dados do Ministério da Saúde, entre os anos de 2002 e 2012 o percentual de acidentes caiu 23,43% no Estado. Em relação ao Recife, a queda foi maior, de 30,36%. Essa é a avaliação mais recente, já que o DataSUS libera os levantamentos a cada dois anos. O comparativo entre 2013 e 2015 ainda não foi divulgado.