"É um ambiente em que não confiarei nunca mais", diz motorista de ônibus baleado durante assalto


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"É um ambiente em que não confiarei nunca mais", diz motorista de ônibus baleado durante assalto

Mayra Cavalcanti
Publicado em 03/08/2016 às 8:30


Edwin relata que, com o tratamento, as crises diminuíram por um tempo, mas logo voltaram. Ir à faculdade acabou se tornando algo muito difícil pois, ao ficar na sala de aula, o estudante sentia falta de ar, dor no peito, começava a suar e a tremer, sintomas de quem está tendo um ataque de pânico. "Era uma sensação como se eu fosse morrer. Foi aí que comecei a faltar aula, porque não conseguia ficar lá", afirma.

Atualmente, Edwin acompanha as aulas de casa, recebendo as informações das disciplinas por e-mail dos professores e dos colegas de classe. "A síndrome (do pânico) afeta toda a minha vida. Eu era uma pessoa antes e agora sou outra, por causa da síndrome. Sem falar nas oportunidades que já perdi, de estágio, viagens e projetos". Como tratamento, o estudante faz sessões de terapia, toma medicamentos receitados pelo psiquiatra e faz exercícios de respiração.

Pessoas que sofrem assaltos podem desenvolver transtorno de estresse pós-traumático

Cerca de 60% dos homens e 50% das mulheres vão sofrer algum tipo de trauma durante a vida. Eventos traumáticos como ser assaltado em um ônibus, ver ou sofrer um acidente e ser sequestrado são algumas situações que podem ocasionar o desenvolvimento do transtorno de estresse pós-traumático, que atinge cerca de 8% da população mundial. O transtorno pode se manifestar de várias formas, como em pesadelos, ataques de pânico ou quando a pessoa evita os locais onde os eventos ocorreram, como explica a psiquiatra Janaína Bandeira. 

"A pessoa começa a lembrar, sem querer, do que aconteceu e isto pode causar ataques de pânico", acrescenta. Além do transtorno de estresse pós-traumático, existem outras condições que a pessoa pode desenvolver, como a Síndrome do Pânico (quando os ataques de pânico se tornam recorrentes) e, nos casos mais graves, o transtorno de ansiedade generalizada, como aconteceu com Edwin. Janaína conta que, desde o momento inicial, ou seja, quando o trauma ocorre, é importante perceber os sinais e procurar um acompanhamento psicológico. 

Segundo ela, a pessoa que passou por uma situação traumática deve também observar se o medo está mudando a rotina, impedindo-a de ir trabalhar ou sair com os amigos, por exemplo. "Por isto a terapia é tão importante, independente se o caso for leve, moderado ou grave. O que ocorreu não vai mudar, mas com um acompanhamento psicológico a pessoa consegue modificar a forma de ver aquele acontecimento", relata.

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