Escadas rolantes e elevadores quebrados comprometem acessibilidade no metrô do Recife

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Escadas rolantes e elevadores quebrados comprometem acessibilidade no metrô do Recife

Amanda Miranda
Publicado em 19/02/2016 às 8:01
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Josefa reclama de dor ao terminar de descer as escadas - é ainda pior, segundo ela -, mas não é a única. Com escadas rolantes e elevadores parados em Camaragibe, não há outra opção aos cadeirantes senão ser carregados nos braços por outros passageiros até a plataforma. "Um carrega a pessoa, outro a cadeira de rodas para ajudar. Já cansei de ver isso aqui e é humilhante", reclama uma comerciante que trabalha na estação há dois meses e nunca viu os equipamentos ligados. "Eu, que sou jovem, já fico cansada só de pensar na subida e na descida, imagine eles. Os idosos vêm se arrastando", relata a empregada doméstica Ozineide Gomes, 43.



Em Joana Bezerra, o elevador que leva à plataforma central funciona, mas é sujo. A aposentada Maria Eunice Alves, 70, denuncia também que os vigilantes não a deixam utilizá-lo. "Sempre perguntam se tem algum deficiente comigo, com ironia. Eu vou discutir? Claro que não! Só subo as escadas", lamenta a idosa, que teria direito de usar o equipamento. Maria Eunice não desistiu de pegar o metrô por ser mais rápido que os ônibus - enquanto leva cerca de 20 minutos no modal para ir do Centro do Recife a Prazeres, em Jaboatão dos Guararapes, na RMR, nos coletivos chega a demorar duas horas presa em engarrafamentos. "É uma vergonha isso, uma falta de cuidado e de responsabilidade."

- Amanda Miranda/JC Trânsito
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Maria Eunice acredita que é falta de responsabilidade não consertar os equipamentosFoto: Amanda Miranda/JC Trânsito

Prazeres, a estação onde a aposentada desembarca, é outra com problemas de acessibilidade. Sempre que a empregada doméstica Cristiane Nascimento, 47, vai levar o neto de 3 anos ao médico já pensa no transtorno que vai passar em Prazeres. O menino tem microcefalia e precisa de cadeira de rodas para se locomover. "Tem que ter alguém para carregar sempre", lamenta.

"Fico esperando a hora em que vou tropeçar a cair, ou perder as forças", conta o eletricista Hélio de Almeida, 63, que sofreu um AVC (Acidente Vascular Cerebral) e também usa a estação para ir a consultas médicas. Morador do bairro do Ibura, na Zona Sul do Recife, ele desembarca em Tancredo Neves, outra sem elevador há meses.

Josefa (à direita) conta com a ajuda da vizinha Lurdes para pegar o metrô

Josefa (à direita) conta com a ajuda da vizinha Lurdes para pegar o metrôFoto: Amanda Miranda/JC Trânsito

RESPOSTA (OU A FALTA DELA) - A resposta da CBTU é a mesma sobre todos os equipamentos: foram alvo de vandalismo, avaria que não é coberta por nenhum dos contratos de manutenção. No entanto, a empresa que opera o metrô reconhece que não presta queixa à polícia para investigar os casos - ou seja, a depredação nunca é confirmada oficialmente. O único caso sobre o qual foi aberto um inquérito foi na estação Prazeres, no ano passado, quando, de acordo com a Companhia, um comerciante informal quebrou o elevador a chutes ao ser retirado da plataforma, onde a atuação de ambulantes é proibida. Nada além disso.

O JC Trânsito questionou diversas vezes por email e telefone à assessoria de imprensa da CBTU, desde a última terça-feira (16), os custos dos contratos e quanto a nova licitação representaria em investimento para o metrô. Porém, não obtivemos respostas. O que sabemos é que no ano passado foram gastos R$ 250 mil para reparar equipamentos danificados. A Companhia informou que levaria muito tempo para fazer o levantamento.

Segundo a empresa, licitações estão sendo iniciadas para consertar os elevadores e as escadas danificados pelo vandalismo. O processo, no entanto, deve levar pelo menos três meses. Mais um trimestre de dificuldades para Josefa, Maria José, Maria Eunice, Cristiane, Hélio, entre milhares de pernambucanos que precisam do metrô diariamente - porque, sim, é uma questão de necessidade.
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