Cuidado: acidentes

Agamenon: a via mais movimentada e com mais acidentes no Recife

Amanda Miranda
Amanda Miranda
Publicado em 17/12/2015 às 17:11
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Excesso de velocidade é, para a OMS, uma das principais causas de acidentes / Foto: Diego Nigro/JC Imagem

Excesso de velocidade é, para a OMS, uma das principais causas de acidentes Foto: Diego Nigro/JC Imagem

Com maior fluxo diário de veículos do Recife, a Avenida Agamenon Magalhães, que corta nove bairros da cidade, também é onde há mais acidentes com vítimas na capital pernambucana. Em setembro, outubro e novembro, três primeiros meses do projeto Cuidado: acidentes, a Companhia de Trânsito e Transporte Urbano (CTTU) registrou 34 ocorrências na via, sendo principalmente colisões envolvendo carros e motos. Houve, em toda a capital pernambucana, 653 ocorrências que deixaram feridos ou mortos, de um total de 3.981. Veja o mapa:



O chefe de educação para o trânsito da Companhia de Trânsito e Transporte Urbano do Recife (CTTU), Francisco Irineu, que é integrante do Comitê Municipal de Prevenção de Acidentes, ressalta que a grande incidência de acidentes nessa área está ligada ao fluxo de veículos. Além desse fator, foram identificados também aspectos como o excesso de velocidade e o uso de bebidas alcoólicas antes de dirigir, causas também apontadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

É por isso também que trinta acidentes foram na Avenida Caxangá, na Zona Oeste, por onde circulam diariamente 58 mil veículos (39 mil a menos que na Agamenon). Saiba quais foram as vias com mais ocorrências no último trimestre:




Entretanto, o comitê ainda está desenvolvendo uma ferramenta para chegar a dados mais precisos em relação sobre os acidentes, com o objetivo de chegar a conclusões mais próximas da realidade sobre as causas dessas ocorrências em cada lugar do Recife. A frente foi criada no ano passado e tem se reunido há pelo menos seis meses para definir quais serão os critérios e os filtros usados para unir diferentes fontes de informações: CTTU, Corpo de Bombeiros, Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e Secretaria de Defesa Social (SDS). "Há uma divergência muito grande dos bancos de dados dos órgãos que fazem o atendimento", explica o chefe de educação para o trânsito.

Mesmo sem expectativa ainda para a conclusão do estudo, os órgãos de trânsito têm que agir para evitar os acidentes com vítimas. Na Agamenon, por exemplo, a CTTU instalou 14 equipamentos de fiscalização eletrônica para evitar o excesso de velocidade (o limite na via é de 60 km/h). A Avenida Beberibe tem dois aparelhos e a Mascarenhas, quatro.

Há ainda duas campanhas educativas em andamento agora. Uma delas é em escolas públicas e particulares, selecionadas de acordo com a localização e de projetos sobre educação no trânsito desenvolvidos pela instituição de ensino. "Pela natureza da criança, ela se torna multiplicadora dos conhecimentos", justifica Irineu. A outra, mais recente, foi intitulada "A vida continua do outro lado da faixa" e tem o objetivo de orientar pedestres e condutores sobre a importância de respeitar a faixa de pedestres. "Queremos a mudança de comportamento. Fazer o pedestre usar a faixa e ao mesmo tempo os condutores respeitarem esse espaço para a segurança dos pedestres é um desafio para a gente. As pessoas devem se sentir responsáveis por sua segurança e dos outros nas vias. Todos nós somos vulneráveis", afirma Irineu.

A Companhia defende que essas ações provocaram uma queda no número de acidentes entre outubro e novembro (veja no gráfico abaixo). Apesar de essa tendência não ter se repetido entre setembro e outubro, quando os registros cresceram, o órgão frisa que houve uma queda de 25% no número de acidentes com vítimas, comparando o primeiro semestre semestre de 2014 ao de 2015, quando o projeto Cuidado: acidentes ainda não havia sido iniciado pelo JC Trânsito - o mapeamento foi feito a partir de 25 de setembro, o Dia Nacional do Trânsito, e os dados, levantados desde o início daquele mês, com o objetivo de descobrir, em um ano, quais são os pontos mais perigosos do Recife e quais são os tipos mais comuns de ocorrências.




MOTOS - Como acontece desde que o Cuidado: acidentes foi iniciado, os motociclicistas continuaram sendo a maioria das vítimas em novembro. Do total, as motos estavam envolvidas em 70% dos acidentes, a maioria deles sendo colisões entre carros e motos. Essa é, no entanto, uma realidade de todo o País - de acordo com o Ministério da Saúde, acidentes de moto correspondem a 28,5% do total no Brasil.

Mais de 127 mil das internações ao Sistema Único de Saúde (SUS) em 2014 foram de vítimas de acidentes de trânsito, ao custo de R$ 183 milhões. Dessa forma, essas ocorrências transformaram-se em problema de saúde pública. Os gastos gerados por feridos graves em acidentes são, em média, de R$ 230,6 mil, com custo hospitalar de R$ 80 a R$ 120 mil, de acordo com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), autor dos dados que baseiam a elaboração das políticas públicas em Pernambuco.





Para o chefe de educação para o trânsito da CTTU, os próprios condutores devem ajudar a mudar essa realidade. "(Como causa) primeiro a gente coloca muito a questão da imprudência. Noventa e quatro porcento dos acidentes são definidos pela imprudência das pessoas, com excesso de velocidade e também uma coisa que tem melhorado, que é a falta de formação do condutor", aponta. O uso dos equipamentos de segurança, como o capacete e do cinto, também são determinantes. Para ajudar a reverter esse quadro, o comitê colocou em pauta ainda a criação de uma campanha educativa voltada a ciclistas e motociclistas, mas ainda sem previsão de chegar ao público.

Vale lembrar que o Brasil se comprometeu com a Organização das Nações Unidas (ONU) a reduzir, pela metade, os números de mortos e feridos em acidentes de trânsito até 2020. Mas a única redução verificada até agora foi de 5,6% nas mortes de 2013 em relação a 2012.

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