Rotina de longa espera e 'arrodeios' no Piedade/Rio Doce

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Rotina de longa espera e 'arrodeios' no Piedade/Rio Doce

Amanda Miranda
Publicado em 11/11/2015 às 19:54
https://imagens4.ne10.uol.com.br/ne10/imagem/noticia/2015/11/11/normal/93ee879381b5f7451fb377b8ffceba16.jpg Foto: JC


Duas horas e quarenta e cinco minutos é o tempo que o também funcionário público Euclides Bandeira, 51, geralmente leva de Rio Doce até o Pina, na Zona Sul do Recife, a uma distância de pouco menos de 20 quilômetros. Ele sai de casa todos os dias às 6h e chega ao trabalho às 8h45. "Demora muito e a fila é muito grande, às vezes vai até o portão do terminal. Não é raro ter que esperar mais de um passar para conseguir subir no ônibus", conta. "Deveria ser proibido aglomerar tanta gente como saco de lixo, seria o mínimo de dignidade. Isso é uma falta de respeito com quem paga. Acho que pensam que estamos pegando carona", opina a desempregada Carmelita Rocha, 50, outra passageira na fila.

Euclides questiona ainda sobre um boato que se espalhou entre os usuários, de que a linha acabará quando o Terminal Integrado de Joana Bezerra, na área central, com obras atrasadas há mais de um ano, for inaugurado. A informação, no entanto, foi negada pelo Grande Recife Consórcio de Transportes. Pelo menos com isso as pessoas não precisam se preocupar.

11h06. O primeiro dos três ônibus que passa é o Barra de Jangada/Rio Doce e a maioria das pessoas que estão na fila opta por ele. Ao longo do percurso, o veículo para em todos os pontos. Uma média de três pessoas sobe em cada um. Quarenta e cinco minutos depois, ainda está no Complexo de Salgadinho, saindo de Olinda, e já cheio.

11h06. Ônibus Barra de Jangada/Rio Doce é o primeiro a passar no TI Rio Doce após 40 minutos de espera - Amanda Miranda/JC Trânsito
12h12. Linha chega à Zona Sul cheio e com passageiros nos degraus do meio - Amanda Miranda/JC Trânsito
12h37. "Os passageiros pensam que somos os culpados pela demora toda e acabam descontando na gente", disse o cobrador - Amanda Miranda/JC Trânsito
13h01. Ônibus (finalmente) chega ao Terminal de Barra de Jangada - Amanda Miranda/JC Trânsito
13h10. No Terminal de Barra de Jangada, bancos quebrados e estrutura pichada - Amanda Miranda/JC Trânsito
14h12. Linha passa pela Avenida Boa Viagem. Por causa do engarrafamento, foi preciso mais de uma hora para sair do bairro - Amanda Miranda/JC Trânsito
14h47. Passageiros mexem no celular para passar o (longo) tempo de viagem. Ônibus passava pela Agamenon - Amanda Miranda/JC Trânsito
15h37. Vendedor de doces entra no ônibus na Avenida Getúlio Vargas, em Olinda, já no fim do percurso - Amanda Miranda/JC Trânsito
15h48. Ônibus para no TI Rio Doce para o descanso do motorista e do cobrador para a próxima viagem - Amanda Miranda/JC Trânsito


Antes disso, porém, a técnica de nutrição Josilene Oliveira, 42, subiu no ônibus falando com uma amiga ao telefone. "Agora que eu peguei o ônibus e vocês já estão em casa", reclamava. Moradora de Piedade, foi à praia em Olinda e esperou o ônibus para voltar para casa por uma hora. "A parada de ônibus nem tinha coberta e fiquei no sol. Uma coisa é o sol da praia, outra o da parada, não é?", brinca. Como trabalha na Avenida Getúlio Vargas, em Olinda, pega o Piedade/Rio Doce diariamente. Sai de casa às 15h45 para chegar ao hospital onde trabalha às 19h. "É assim por causa do trânsito, mas dia de domingo é ainda pior, porque já esperei até mais de uma hora e meia. Socorro, precisamos de mais ônibus!", faz o apelo. O maître Edvan Lopes, 37, que estava perto dela no veículo, faz o percurso inverso e fora do horário de pico, porém, ainda assim, leva duas horas.

Edvan leva duas horas para chegar ao trabalho. E nem é em horário de picoFoto: Amanda Miranda/JC Trânsito

Por causa do congestionamento - e da ausência de uma faixa exclusiva de ônibus, como a da Avenida Domingos Ferreira, paralela a ela - foi preciso uma hora para sair de lá. "O pior de tudo é que, além de demorar e vir lotado sempre, queimam a parada", denuncia. No meio da conversa, uma senhora sinalizou para o ônibus em um ponto e ele não parou. "Todo mundo fica revoltado."

A viagem acabou, finalmente, às 15h48, quase cinco horas depois, já entediada. Imagine o que o motorista, que faz isso duas vezes por dia, deve passar... "Não tem quem não se estresse, quem disser que não está mentindo. A culpa é toda do trânsito, que complica a situação da gente. É por causa dele e da pressão pelo tempo que 90% dos motoristas cortam a parada", revela Robson Roque, 30, na função há cinco anos. "Acabamos sempre chegando atrasados por causa do trânsito. Na Agamenon mesmo, misericórdia!", concorda André Félix de Lima, 43, cobrador há dois anos.

"É chão, viu?!", como dizem os passageiros ao longo do percurso. Só acrescento à frase que, além dos 'arrodeios', a Piedade/Rio Doce é cheia de problemas. Todos sem solução prevista. O motorista ainda tinha que ir a Barra de Jangada e voltar mais uma vez antes de largar.
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