Corredores exclusivos e integração temporal são algumas soluções para os ônibus no Grande Recife

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Corredores exclusivos e integração temporal são algumas soluções para os ônibus no Grande Recife

Amanda Miranda
Publicado em 16/07/2015 às 17:48
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Apesar das sucessivas críticas sobre a falta de compromisso com os horários e o fato de os ônibus que deixam e saem desses terminais poderem ser comparados com 'latas de sardinha', o Sindicato das Empresas de Transportes de Passageiros no Estado de Pernambuco (Urbana-PE) afirma que as 13 operadoras de ônibus são bem avaliadas e prestam bons serviços. "Existe atraso porque os ônibus ficam presos nos engarrafamentos. A mesma coisa causa a superlotação. A frota atualmente é de 2,9 mil veículos, o que é suficiente", alega o presidente da entidade, Fernando Bandeira.

De opiniões divergentes sobre a qualidade do transporte, os três concordam que é necessário dar prioridade aos ônibus nas vias, através de corredores exclusivos.

Atualmente, o Recife tem a Faixa Azul, presente em 21,4 quilômetros de vias da capital. Após a implantação dos corredores, a velocidade aumentou em 23,8% no sentido Centro/subúrbio da Avenida Mascarenhas de Moraes, na Zona Sul - além dela, a faixa está na Avenida Domingos Ferreira, também na Zona Sul, e na Rua Cosme Viana, na Zona Oeste. "Essa é uma maneira ótima e mais simples para os ônibus terem o seu próprio espaço", defende Maurício Pina.

Uma promessa das gestões municipal e estadual é que o espaço reservado para os ônibus chegue à Avenida Recife, mas ainda sem prazo. "Poderia se pensar em um corredor em vias que tivessem pelo menos três faixas", sugere Pedro Josephi.

O professor da UFPE destaca também os corredores Norte-Sul e Leste-Oeste, obras de mobilidade para a Copa do Mundo que estão atrasadas, mas foram pensadas para priorizar o transporte coletivo. De acordo com ele, isso não era feito até cinco anos atrás. "Durante muitos anos se imaginou que o transporte individual fosse a solução para o deslocamento. Mas ele sobrecarrega o espaço viário, que é muito exíguo. Aqui isso foi pensado tardiamente, mas em Curitiba (onde foi criado o BRT) é diferente", diz. Um exemplo citado por ele foi a construção do Viaduto Capitão Temudo, com prioridade para os carros, que acaba ficando congestionado atualmente. "Quanto mais espaço você der para o carro, mais ocupa e mais espaço requer."

"Qualquer medida para priorizar o transporte coletivo deve ser aplaudida"Maurício Pina


O presidente do Urbana-PE ressalta que isso faria com que os ônibus andassem mais rápido, reduzindo custos com combustível, por exemplo. "O poder público é o responsável pela infraestrutura e tem que preparar o corredor para que o ônibus chegue mais rápido. Do jeito que está, a classe média fica com medo do tempo que pode perder. Nós nos dispomos a ser parceiros", afirma Bandeira.

O doutor em desenvolvimento urbano André Lemoine, professor de urbanismo da Uninassau, afirma que a reestruturação agora deve ser feita pensando nas retenções viárias da cidade atualmente. "A cidade (do Recife) teve um desenvolvimento trincado, já que surge no período colonial. Um exemplo é a Avenida Rui Barbosa, que era um caminho para transportar cana de açúcar e hoje em dia tem um fluxo de milhares de veículos", conta.

Para ele, diversos modais devem ser pensados, como o metrô, o VLT (Veículo Leve sobre Trilhos) e o BRT (Bus Rapid Transit). "A ideia de não ter o foco só no ônibus é um acerto conceitual, mas não foi implementada", concorda Pedro Josephi.

Ônibus costumam sair superlotados dos terminais integradosFoto: Edmar Melo/JC Imagem

O professor Maurício Pina destaca ainda que é preciso estimular que as pessoas andem mais a pé e de bicicleta. Para isso, segundo o especialista é preciso construir ciclovias e reformar as calçadas para que as pessoas se sintam à vontade nelas - uma medida, segundo ele, é que a Prefeitura do Recife retome a responsabilidade sobre esses espaços. "São necessárias ações de restrição ao transporte individual. O rodízio não é muito eficiente, mas há outras, como Londres e Singapura, que têm pedágio urbano, ou ainda alta taxação de estacionamento, como é feito em Barcelona", sugere.

A Frente defende ainda a unificação da tarifa. "Não é justo o morador de Olinda pagar a tarifa B se tem a frota sucateada", justifica Pedro Josephi. Outro argumento é a renda, que é menor no município vizinho à capital pernambucana - de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), enquanto no Recife a renda per capita é de R$ 1.114,26, em Olinda é de R$ 640,13. Assim como o bilhete único, a tarifa única foi promessa do governador, mas houve reajuste no preço do anel A no início deste ano - passou de R$ 2,25 para R$ 2,45 - e a proposta continua sem previsão para virar realidade.

Procurado, o Grande Recife Consórcio, responsável pela fiscalização na Região Metropolitana, não se manifestou sobre críticas e sugestões para o transporte.

VIOLÊNCIA URBANA - Para o Sindicato dos Rodoviários, um dos principais problemas é a falta de segurança. De acordo com a Secretaria de Defesa Social (SDS), houve um aumento no número de roubos a ônibus este ano: foram registradas 971 ocorrências, contra 720 no ano passado. "Um cobrador foi assaltado no dia do jogo entre Sport e Bahia (em abril, pela Copa do Nordeste). Quando estava na delegacia, narrou que já estava pagando a sétima parcela de outro assalto e não sabia como iria quitar a dívida", relata o assessor de comunicação da entidade, Genildo Pereira.

Por exigir que os profissionais retornem à empresa o dinheiro que estava em caixa e foi roubado, o Sindicato dos Rodoviários já acionou o Ministério Público do Trabalho e a Superintendência da Delegacia Regional do Trabalho em Pernambuco. As empresas assinaram um termo se comprometendo a abolir a prática. Entretanto, o presidente da Urbana-PE frisa que os cobradores que não relatarem o caso à polícia e aos chefes continuarão tendo a obrigação.

Os assaltos não são a única preocupação nesse caso. Nos seis primeiros meses deste ano, foram registrados 266 casos de depredação, número superior ao do ano passado, 144. Mas motoristas e cobradores temem ainda o risco de acidentes.

* Colaborou Mariana Campello, do JC Trânsito

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