Motoristas lotam a Avenida Sul mesmo com o metrô à disposição

A Avenida Sul é uma das vias de transição entre a Zona Sul e a Zona Oeste do Recife, passando por bairros como Imbiribeira e Afogados e chegando até o Centro da cidade. Mesmo acompanhada pelos trilhos da linha Sul do metrô, o congestionamento na via é comum em horários de pico. Em alguns pontos, como na área onde se localiza o Terminal Integrado (TI) do Largo da Paz, o trânsito está "parado" constantemente. 

Motoristas que trafegam pelo local se dizem acostumados com o tempo perdido no trânsito. Segundo a Companhia de Trânsito e Transporte Urbano (CTTU), uma média de 20 mil veículos circula na avenida diariamente. Usando a avenida com frequência para ir ao Centro do Recife ou à Zona Norte, a moradora da Imbiribeira Patrícia Rejane culpa a falta de organização no trânsito pelas retenções do tráfego. "Essa parte da avenida pega carros que vêm da Ponte Motocolombó e de Afogados, fazendo um funil. Além disso, alguns ônibus que vêm de Afogados têm que entrar no terminal (Largo da Paz) e atravessar as faixas em um espaço muito curto; é uma confusão".

A passageira afirma, ainda, que a retirada de um semáforo de pedestes do local  - foi substituído por uma passarela no TI Largo da Paz - desafogou um pouco o fluxo de veículos. "O sinal passava pouco tempo aberto para os pedestres; nem eles conseguiam atravessar direito nem o trânsito fluia", afirma Rejane. Ainda assim, alguns pedestres relatam que a substituição do semáforo pela passarela foi maléfica para a travessia na rua. Eles afirmam que não há mais calçadas em frente ao TI Largo da Paz - assim, quem desce da passarela precisa andar no meio dos carros para chegar até a parada da Avenida Sul. No mês de janeiro passado, dois atropelamentos ocorridos em dias seguidos nas mesmas imediações (pouco após o TI, perto da parada de ônibus) deixaram uma pessoa morta e outra pessoa ferida.

Para evitar acidentes, o jovem Cristiano Silva, de 22 anos, que mora em Prazeres, no município de Jaboatão dos Guararapes, e trabalha em Afogados, na Zona Oeste do Recife, opta pelo metrô para ir para casa: "Para mim, é mais rápido ir de ônibus para casa, mas é muito difícil atravessar a rua para pegar ônibus lá na frente. Então eu prefiro pegar a passarela e ir para o metrô." 

A presença de "amarelinhos" no local não inibe motoristas que tentam fugir do congestionamento cometendo imprudências: a equipe do JC Trânsito chegou a flagrar um carro tentando subir a calçada por trás da passarela do Largo da Paz apenas para evitar o trecho de menos de 30 metros com retenção. Outras pessoas, para ultrapassar os veículos, usavam a rampa da Policlínica Agamenon Magalhães, localizada na avenida, como desvio.

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Ciclistas também são prejudicados pela desorganização do trânsito na área. Em um curto espaço de tempo na manhã desta quinta-feira (16), mais de quatro pessoas precisaram contar com a bondade - demorada - dos motoristas para fazer uma curva à esquerda na Rua Nicolau Pereira. O mecânico Wellington Ferreira, 48 anos, que sai do bairro de San Martin para Afogados de bicicleta diariamente, reclama que a avenida não é segura para ciclistas, que muitas vezes dão preferência às ruas auxiliares, seguindo até mesmo na contramão, só para evitar o congestionamento: "Toda vida foi difícil usar essa via; aqui, só carro".

A CTTU informou que o trecho da Avenida Sul que compreende o Largo da Paz é um dos três principais corredores que está sendo estudados através de simulações para buscar soluções para o trânsito. Nesse estudo, explica a companhia, são considerados elementos como a quantidade de veículos que trafega nas vias auxiliares e são testadas possibilidades como mudar sentido da via ou criar um binário em alguma rua paralela. Além da Avenida Sul, a Avenida 17 de Agosto e Ilha do Leite também estão sendo estudadas. 

Confira galeria com as imagens do congestionamento no local: 

*Esta matéria faz parte da série Vias Travadas, que mostra a realidade das principais ruas e avenidas marcadas pelo trânsito complicado. Toda quinta-feira no portal além do Twitter e no Facebook do JC Trânsito.