
Via tem picos de retenção causados pela concentração de "polos geradores de tráfego", como hospitais, colégios, faculdade, comércios e outros tipos de serviço Foto: Mariana Campello/ JC Trânsito
Não é novidade que o trânsito da Rua Joaquim Nabuco, na área central da capital pernambucana, é um caos para os recifenses. Nesses congestionamentos cotidianos, ainda há o barulho de buzinas e de sirenes de ambulância, aumentando o estresse de motoristas e transeuntes. A rua tem início na Avenida Agamenon Magalhães, no Centro, onde recebe grande parte do tráfego, e segue até a Ponte do Capunga, no bairro da Torre, na Zona Oeste. No trecho, que tem calçadas cheias de buracos, funcionam hospitais e instituições de ensino.
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Os cruzamentos mais engarrafados são o da Agamenon e o da área conhecida como Quatro Cantos, que liga Derby, Graças e Torre. Ambos têm orientadores de trânsito, porém a via não consegue absorver todos veículos mantendo a fluidez. A Companhia de Trânsito e Transporte Urbano (CTTU) não tem dados sobre o número de veículos que passam pelo local diariamente.
A engenheira Simone Correia, 60 anos, mora na Rua Joaquim Nabuco e afirma que os problemas são frequentes. "Aqui o fluxo de carros é bastante intenso. O que ainda melhora o tráfego no local são os orientadores. Quando eles não ficam aqui, a situação é péssima. Os motociclistas sobem na calçada e não respeitam a sinalização. Mas o pior é quando chove, os semáforos ficam sem funcionar e o barulho da buzina se instaura", reclama.
A jornalista Laís Codoi, 50, que circula na rua como motorista, acredita que a causa do problema é a falta de educação no trânsito. "Eles (os motoristas) invadem a faixa de pedestres, a calçada e ocupam os lugares do cadeirantes", opina.
De acordo com a CTTU, a via tem picos de retenção causados pela concentração de "polos geradores de tráfego", como hospitais, colégios, faculdade, comércios e outros tipos se serviço. Além disso, a Joaquim Nabuco absorve parte do fluxo da Avenida Agamenon Magalhães, por onde circulam cerca de 90 mil veículos por dia.
Assim como a motorista, o ciclista Joel Lima, cozinheiro de 29 anos, acredita que os motoristas deveriam ter mais conscientização. "Para melhorar o trânsito deveriam ter construído vias mais largas e ciclovias. Também existe a falta de respeito dos motoristas, já vi acidentes feios envolvendo bicicletas aqui", conta.

Brunno utiliza a magrela em vez de ônibus e percebe as vantagens da escolhaFoto: Mariana Campello/ JC Trânsito
O assessor parlamentar Jaison Costa, 53, critica o planejamento da mobilidade da cidade. "O principal problema são os semáforos e as paradas de ônibus, uma em cima da outra deixando a rua com retenção", argumenta. O transporte coletivo bem planejado é tido como solução para os congestionamentos por especialistas como o professor do Departamento de Engenharia da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) Leonardo Meira, entrevistado na primeira reportagem da série Vias Travadas.

Pedestres reclamam da situação das calçadas, muitas esburacadasFoto: Mariana Campello/ JC Trânsito
A Companhia de Trânsito e Transporte Urbano do Recife não concedeu entrevista sobre os problemas da Rua Joaquim Nabuco. Através de nota enviada pela assessoria de imprensa, o órgão afirmou que seu trabalho "consiste no monitoramento intenso da via, durante as 24 horas do dia, através da Central da Operação de Trânsito (COT)."
A nota afirmou ainda que "a Companhia também dispõe de um efetivo fixo de seis orientadores e quatro agentes de trânsito nos cruzamentos com a Avenida Agamenon Magalhães e com a Rua das Creoulas, que trabalha com o intuito de dar mais fluidez ao trânsito, através de diversas operações de tráfego pontuais, como a colocação de cones na via. Esse trabalho é rigorosamente realizado no sentido Boa Viagem, de segunda a sexta-feira, das 6h30 às 12h30 e no sentido Olinda, das 16h30 às 19h e visa disciplinar o trânsito, dar mais fluidez à via e evitar a formação de filas duplas, através da canalização do fluxo."