Constantemente engarrafada, Avenida Rui Barbosa segue sem solução

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Constantemente engarrafada, Avenida Rui Barbosa segue sem solução

Amanda Miranda
Publicado em 09/04/2015 às 16:53
https://imagens4.ne10.uol.com.br/ne10/imagem/noticia/2015/04/09/normal/060f2a35449e1b21d3418dd5be139d90.jpg Foto: JC


- Luiz Pessoa/NE10
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"O senhor costuma ficar muito estressado nessa avenida", questionamos ao construtor José Fernando, 60. "E como, não é?", respondeu. Não foi o único. Para ele, que leva meia hora diariamente, por volta das 8h, para percorrer menos de dois quilômetros da Rui Barbosa, uma solução é construir pontes e viadutos. Na verdade, qualquer tentativa de desobstruir a via.

Esse plano, porém, não é o que sugere Leonardo Meira, professor do Departamento de Engenharia Civil da Universidade Federal Pernambuco (UFPE). Para o especialista, o ideal é investir em ações de melhorias do transporte público e na restrição dos automóveis. "Não é interessante fazer uma medida sem a outra, mas sempre com estudo e planejamento técnico", explica.

O engenheiro indica como uma das soluções dedicar uma faixa da avenida exclusivamente aos ônibus. "Se fica no engarrafamento, não conseguimos transformar o transporte público em atrativo", argumenta. Nos cálculos de Meira, se todos trocassem os carros pelo ônibus, seriam em média menos 45 automóveis na rua a cada ônibus.

Atualmente, um empecilho aos passageiros dos ônibus cujo itinerário é pela avenida é que, principalmente nos horários de engarrafamento, muitos motoristas costumam trafegar pela faixa da esquerda, enquanto as paradas estão na direita. "Além disso, tudo demora muito nesse trânsito", afirma a funcionária pública Cecília Santana, 60.

Veja no vídeo a opinião de outros usuários da Avenida Rui Barbosa:



Para o professor da UFPE, outra forma importante de diminuir os congestionamentos é conscientizar a população. "A sociedade ainda tem a tendência de achar que o poder público tem que solucionar todo problema de trânsito. Mas temos que pensar que, ao comprar carro, estamos colocando mais uma gotinha no oceano", afirma.

O motociclista Janderson Duarte, promotor de vendas de 28 anos, evita ao máximo usar a Rui Barbosa. Mesmo assim, tem a necessidade de fazer isso pelo menos uma vez por semana para chegar à Avenida Agamenon Magalhães. "Às vezes não tenho paciência e pego outros caminhos, muitas vezes maiores. Essa avenida é difícil até para as motos, por ser estreita na altura das Graças", afirma. Para ele, ampliar o número de orientadores e guardas de trânsito na via poderia contribuir com a solução para o problema. Porém, já há profissionais nos principais cruzamentos, como o com a Rua Amélia.

Esse é o foco do trabalho da CTTU na via. "Esses profissionais trabalham com o intuito de proporcionar mais fluidez ao tráfego do local e evitar o cometimento de infrações, como fila duplas, o que muitas vezes são responsáveis pelo agravamento das retenções registradas na via", disse o órgão, em nota enviada pela assessoria de imprensa.

Calçadas são ponto crítico na Avenida Rui BarbosaFoto: Luiz Pessoa/NE10

Sem apontar outras soluções para a questão e se posicionando apenas por nota, apesar do pedido de entrevista, a Companhia afirmou ainda que "a via também concentra diversos polos geradores de tráfego, como parque, colégios, comércios e outros tipo de serviços, além de apresentar uma descontinuidade de faixas de rolamento, com trechos que possuem cinco faixas, seguidos de trechos que possuem apenas duas faixas, ocasionando o afunilamento do trânsito."

De acordo com Leonardo Meira, apenas obras viárias não seriam capazes de resolver os congestionamentos da Rui Barbosa. Não há viabilidade, por exemplo, de abrir novas faixas, já que há inúmeros casarões históricos ao longo da via. "Engenharia de tráfego é tentar extrair o máximo que uma via pode dar e isso já se faz", afirma o engenheiro que em prol da redução do uso dos carros.

As calçadas são ainda motivo de reclamação, embora sejam apontadas pelo professor como forma de estimular que os pedestres caminhem por lá. Para a pequena Luísa Andrade, 7 anos, estudante de um colégio particular na avenida, esse é um obstáculo. "Eu sempre tropeço e caio", conta. A menina vai à escola caminhando duas vezes por semana com a empregada doméstica Cristina da Silva, 40, que defende mais faixas de pedestres e uma ciclofaixa na via, para incentivar o uso de outros modais e, por consequência, a redução do número de carros.

*Esta matéria faz parte da série Vias Travadas, que vai mostrar a realidade das principais ruas e avenidas marcadas pelo trânsito complicado. Será toda quinta-feira, no Twitter e no Facebook do JC Trânsito e no Portal NE10.

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