Rio de Janeiro

Cerimônia de abertura dos Jogos promete tolerância e celebração da diversidade

Wladmir Paulino
Wladmir Paulino
Publicado em 04/08/2016 às 19:50
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O Maracanã será o palco da abertura dos Jogos Olímpicos. / Foto: AFP.

O Maracanã será o palco da abertura dos Jogos Olímpicos. Foto: AFP.

A cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, nesta sexta-feira, será uma convocação à tolerância, um espetáculo do Brasil para o mundo, que celebrará a diversidade, com grande destaque para a música. A cerimônia de abertura, que deve contar com a participação de grande parte dos mais 10.000 atletas de 206 países que competirão no Rio entre 5 e 21 de agosto começará às 20h desta sexta-feira (5) e será assistida por três bilhões de telespectadores.

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"A mensagem que deve ficar é a importância da tolerância. O mundo está atualmente muito tenso, com a situação política aqui no Brasil, nos Estados Unidos com (Donald) Trump, Grã-Bretanha com o sai ou não sai da União Europeia...", afirmou o cineasta Fernando Meirelles, um dos diretores da cerimônia, durante uma entrevista coletiva na quinta-feira no Rio. Ao lado do diretor de "Cidade de Deus" e "O Jardineiro Fiel" estava parte da equipe responsável pela cerimônia de abertura das primeiras Olimpíadas da América do Sul.

A pernambucana Yane Marques levará a bandeira brasileira

A pernambucana Yane Marques levará a bandeira brasileiraFoto: COB.

Após 120 anos de espera do continente, os anéis olímpicos chegam ao Brasil em um momento de grande polarização, depois de meses de uma forte crise política e econômica, o que tornou o orçamento da cerimônia o menor das últimas edições. 

O presidente responsável por declarar o início dos Jogos Olímpicos, Michel Temer, está no cargo interinamente até que o Senado decida sobre a destituição de Dilma Rousseff, longe do poder desde maio. A presidente afastada, que não comparecerá à cerimônia de abertura, acusa aquele que foi seu vice-presidente durante cinco anos de traição e denuncia ser vítima de um "golpe de Estado".

Os organizadores da cerimônia negaram, no entanto, a existência de mecanismos para camuflar as possíveis vaias a Temer e tentaram desvincular a política do espetáculo. "As cerimônias olímpicas ficam na memória coletiva, mas as pessoas não se lembram quem era o presidente (de governo) da Espanha em Barcelona-92 ou em Atlanta-96. Você lembra do espetáculo, de Muhammad Ali com a mão tremendo ao acender a pira ou do arqueiro que lançou a flecha em Barcelona", disse Marco Balich, produtor executivo do espetáculo. 

Apesar das declarações dos diretores da festa, vários protestos estão programados para sexta-feira nas ruas do Rio de Janeiro, organizados por grupos contrários ao presidente interino. Os manifestantes pretendem aproveitar as atenções do mundo voltadas para o Brasil nas próxima duas semanas por conta dos Jogos Olímpicos. Protestos estão marcados pela manhã na praia de Copacabana e mais tarde na área do Maracanã. 

Da mesma forma, os diretores negaram que o espetáculo incluiria uma cena em que a supermodelo Gisele Bundchen parecia ser assaltada por um jovem, como chegou a ser publicado pela imprensa.

Pelé e o mistério da pira

Questionados sobre o responsável por acender a pira olímpica, mais mistério. "Pelé não mentiu no que disse", limitou-se a afirmar o diretor de comunicação da Rio-2016, Mario Andrada. Principal candidato a ter a honra de acender a pira, o rei do futebol, considerado o atleta do século XX, afirmou na terça-feira que precisava solucionar a liberação de uma viagem internacional para participar no evento - o que foi resolvido.

Pelé deve acender a pira olímpica

Pelé deve acender a pira olímpicaFoto: AFP

Além disso, o mito do esporte tem um problema no quadril, informou seu assessor à AFP nesta quinta-feira. Pelé conseguiu se liberar dos compromissos que tinha esta semana com seus patrocinadores, programados pelo grupo americano Legends 10, que o representa, mas sofre de dores no quadril que comprometem sua mobilidade, explicou seu assessor José Fornos Rodrigues, conhecido como Pepito.

"A liberação (dos compromissos) já não é o problema, mas a dor está afetando sua mobilidade. Inclusive foi ao médico para ver como está. Ainda não sabemos se poderá participar da cerimônia para acender a pira (...) apesar de estar se esforçando". Com 75 anos e sucessivas cirurgias no quadril, Pelé anda com dificuldade, atualmente com a ajuda de uma bengala. 

Pelé disse esta semana que tanto o presidente do Comitê Olímpico Brasileiro, Carlos Arthur Nuzman, como o do Comitê Olímpico Internacional, Thomas Bach, o convidaram para ser o protagonista deste momento simbólico dos Jogos Olímpicos, mas que tinha assumido compromissos antes do convite. "Tenho contratos e deveria estar viajando. Se conseguir cancelar os compromissos, gostaria de ter a honra de participar disto. Se vou estar aqui para acender a pira ainda não posso afirmar", afirmou.

Pelé jamais participou dos Jogos Olímpicos, mas em meados de junho o COI lhe entregou em seu próprio museu, na cidade de Santos, a Ordem Olímpica por sua dedicação ao esporte. Com 1.363 partidas e 1.281 gols marcados, Pelé é reconhecido como o melhor jogador de todos os tempos.

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