Porta-bandeira

Yane Marques pôs o Brasil no mapa do Pentatlo Moderno

Wladmir Paulino
Wladmir Paulino
Publicado em 01/08/2016 às 21:01
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Yane não fez história apenas nas Olimpíadas de Londres. / Foto: Agência Brasil.

Yane não fez história apenas nas Olimpíadas de Londres. Foto: Agência Brasil.

Jamais saberemos se Yane Marques poderia ser outra versão de uma Joanna Maranhão ou Etiene Medeiros - as duas nadadoras pernambucanas nas Olimpíadas do Rio de Janeiro. Mas uma coisa é certa: o Pentatlo Moderno brasileiro não seria o mesmo se, em 2003, a promissora nadadora do Nikita/Sesi não tivesse acrescentado à piscina, uma pistola, uma espada, um cavalo e também passasse a correr. Com apenas quatro anos na(s) nova(s) modalidade(s) já era campeã pan-americana.

Mais cinco anos e uma inédita e espetacular medalha de bronze nos Jogos de Londres, seguida de uma prata no Mundial de 2013, mais um ouro no Pan de 2015 e outro bronze no Mundial de Berlim, também no ano passado. Ser o maior expoente de um esporte pouco popular no País, aliado a uma personalidade carismática foram a senha para ela ser eleita a porta-bandeira do Brasil na cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos, na próxima sexta-feira (5), no Maracanã.

Quem vê tudo que Yane Márcia Campos da Fonseca Marques conquistou talvez a exaltasse mais ainda se soubesse como tudo começou. Ela nasceu em Afogados da Ingazeira, no Sertão do Pajeú, Pernambuco, há 32 anos. Mudou-se para o Recife aos 11 anos, quando começou na natação defendendo seu clube de coração, o Náutico.

Chegou a conseguir bons desempenhos nas piscinas ainda nas 'categorias de base'. Mas em 2003 tudo mudaria quando conheceu o pentatlo. Para o que muitos é desafio, para ela foi o grande atrativo: as características completamente diferentes dos esportes envolvidos.

Logo no ano seguinte já era campeã sul-americana. "Vi uma janela interessante, sabendo que o pentatlo faz parte do programa olímpico. Aos poucos as coisas foram acontecendo de uma forma muito positiva, quando senti que estava no caminho certo e que a decisão de parar a carreira de nadadora e acreditar na de pentatleta tinha sido um acerto."

Para ela, é mais fácil treinar pentatlo porque a exigência de cada um muda o tipo de concentração do atleta durante a semana. Em vez de passar manhã e tarde dentro de uma piscina, a pentatleta chega a se preparar para três modalidades em apenas um dia. "Durante a semana, eu nado de três a quatro vezes, monto duas vezes, corro todos os dias, às vezes junto com o tiro", disse, numa entrevista após a medalha em Londres.

Foto: arquivo/JC Imagem
Yane começou treinando com Nikita, no Recife - Foto: arquivo/JC Imagem
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Treinos com cavalo começaram depois - Foto: arquivo/JC Imagem
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Yane tem grande chance de medalha no Rio - Foto: arquivo/JC Imagem
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A atleta foi recebida com festa depois do 1º bronze olímpico - Foto: arquivo/JC Imagem
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Yane é formada em educação física - Foto: arquivo/JC Imagem
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Durante visita à redação do NE10 - Foto: arquivo/JC Imagem
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A atleta em família - Foto: arquivo/JC Imagem
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Tiro é uma das modalidades do pentatlo moderno - Foto: arquivo/JC Imagem
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Yane recebida com festa em Pernambuco depois da conquista olímpica - Foto: arquivo/JC Imagem

Apesar de todas as conquistas, ela está longe de ter uma estrutura semelhante à de grandes estrelas brasileiras de outras modalidades, como o nadador Cesar Cielo, por exemplo - que, diga-se de passagem, não conseguiu índice para disputar os Jogos. Parte disso, pela pouca divulgação que o Pentatlo tem no País. Parte por ser um esporte dispendioso financeiramente. 

Mesmo assim, a pernambucana consegue manter-se por conta de uma parceria entre o Comitê Olímpico Brasileiro e o Exército - é terceiro-sargento. Mas durante muito tempo teve que ralar em busca de patrocínios. "É muito difícil, muito difícil mesmo. Talvez pelo pentatlo ainda lidar com essa questão de ser um esporte pouco difundido", acredita.

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