Ao seguir até a nave central, prepare-se para deslumbrar-se com o imenso altar todo entalhado em madeira, gesso e ouro, com anjos e santos que se sucedem até o teto. À esquerda, vê-se a capela dedicada a Nossa Senhora do Rosário, destaque à parte dentro da estrutura. Decorada com o exagerado barroco churrigueresco, trabalho que demorou 60 anos para ser concluído, o templo surpreende. “Aqui, tudo que brilha, é ouro”, garante com orgulho o guia Alfredo Torres, advogado por formação, católico por fé, e poblano por convicção.
Entre as curiosidades da igreja, conta Alfredo, estão as figuras de cachorros espalhadas pelas pinturas e esculturas no interior do templo. Estão ali por representar a fidelidade dos animais aos homens e consequentemente do homem a Deus. Das imagens ainda conseguimos perceber figuras de sereias incrustadas nas colunas (a santa é padroeira dos navegantes) e querubins em alto relevo nos azulejos que datam de 200 anos, representando cada mistério do Rosário.
As frutas com pimenta estão por todo lugarFoto: Gustavo Belarmino
Ao deixar a igreja, o cheiro de baunilha no ar conduz o turista até a Rua 6 Orientes, também conhecida como rua dos doces. Diversas lojinhas oferecem dos coloridíssimos pirulitos a cocadas e maçãs do amor – claro, temperadas com pimenta em pó, como manda o costume mexicano. Por lá, barrinhas com cereais também estão por toda parte, a mais emblemática é a Alegria, feita com amaranto, primo da quinoa e considerado um superalimento. Leva mel e outros grãos, como amendoim e até semente de abóbora e são ótimas para levar como lembrancinhas.
Tabuleiros exibem ainda os Camotes de Puebla, doce de batata com açúcar e canela com sabores diferentes, e potinhos rústicos com doce de tamarindo, revelando apenas uma das facetas gastronômicas da cidade – que ostenta mais de 7 mil restaurantes. No passeio entre os doces você já estará habituado a ver nas lojinhas e paredes das casas coloniais um trabalho feito em cerâmica que lembra as porcelanas chinesas, chamado talavera.
Por lá, a técnica chegou em 1550, trazida pelos dominicanos, ganhou as cores do México e se estabeleceu como tradição poblana. Na mesma rua é possível visitar uma das oito fábricas artesanais de talavera. Na loja La Colonial, além de comprar peças como aparelhos de jantar, suportes e artigos de decoração, o turista pode ainda participar de uma aula que mostra como é a técnica que consiste em moldar, pintar manualmente e esmaltar o objeto, que ganha um brilho vitrificado e posteriormente um assinatura do artista, como um certificado de autenticidade. Cada peça pode levar até 20 dias para ficar pronta. O turista vai perceber que até as placas das ruas são feitas de talavera e, com o olhar mais treinado, as verá por toda a parte.