Game of Thrones e a ascensão da violência na televisão

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Game of Thrones e a ascensão da violência na televisão

Giovanna Torreão
Publicado em 19/09/2016 às 15:55
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Entre Shakespeare e a atualidade 

Os canais a cabo como HBO utilizam a violência e o sexo há tempos para atrair os telespectadores em meio a uma oferta cada vez mais saturada.

Em 1997, a série "Oz" - sobre a vida em uma prisão de segurança máxima - não poupou cabeças decapitadas ou genitais arrancados.

Posteriormente, com "A Família Soprano", sobre a vida de um chefe mafioso com dúvidas existenciais, começou no início dos anos 2000 uma era na qual as séries de grande qualidade tinham uma constante: a brutalidade.

Vieram então "Breaking Bad", sobre um professor de química que se tornou traficante de metanfetamina, e "The Wire", sobre o tráfico de drogas, além dos gangsteres de "Boardwalk Empire" e os assassinatos em série de "Dexter".

Esta ferocidade contaminou os grandes canais, que lançaram, entre outros, o thriller "Hannibal" sobre o famoso psicopata.

O subgênero dos zumbis e dos vampiros também teve sua idade de ouro com o êxito de "The Walking Dead", que bateu recordes de audiência no mundo, ou "The Strain".

Mike Flanagan, diretor do filme de terror "Ouija: Origem do Mal" (2016), diz que a violência intensa, sangrenta, as torturas e os estupros se banalizaram nas horas de maior audiência desde o início do século XXI. "Nos dessensibilizamos". Esta irrupção da brutalidade seria um sintoma da sociedade americana?

Para Robert Thompson, professor de cultura popular  na Universidade de Syracuse, "sempre vivemos uma sociedade violenta".

"A Bíblia, a Ilíada, são histórias cheias de brutalidade; Shakespeare era violento. Lady Macbeth não pode lavar o sangue das mãos", lembra.

Mas para Jonathan Kuntz, "Game of Thrones" tem encantado milhares de espectadores porque seu universo fantástico evoca o mundo atual.

"Fala de intrigas políticas e de problemas que lembram os atuais nos Estados Unidos e na Europa, como o das famílias que lutam para permanecer no poder, os conflitos entre diferentes etnias, etc".

Enquanto isso, o impacto das imagens sobre os espectadores é motivo de controvérsia: seis organizações médicas escreveram ao Congresso americano em 2000 que "a violência no entretenimento pode aumentar as atitudes agressivas".

No entanto, para Flanagan, os filmes oferecem ao público um "lugar seguro" para liberar os impulsos mais sombrios da natureza humana.

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