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Aluno do ensino fundamental repete dois anos, em média

NE10
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Publicado em 13/04/2006 às 11:36
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O estudante brasileiro leva, em média, dois anos a mais do que o esperado para concluir o ensino fundamental. Em 2004, segundo a Síntese de Indicadores Sociais do IBGE (Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o tempo médio de conclusão dos oito anos do ensino fundamental era de 9,9 anos. Ou seja, em vez de completar as oito séries em oito anos, o aluno perde 1,9 ano por causa da repetência.

Esse tempo varia muito de acordo com o Estado. Na Bahia, por exemplo, chega a 11,7 anos. O menor tempo é encontrado em São Paulo - Estado que mais adota o sistema de ciclos no ensino fundamental -, onde a média é de 8,6 anos para a conclusão.

Esse atraso pode ser verificado também série a série. Na primeira série do ensino fundamental em 2004, 16,7% dos estudantes já estavam atrasados em pelos menos dois anos, ou seja, tinham nove anos ou mais de idade e continuavam cursando uma série cuja idade adequada é sete. Essa proporção vai aumentando até chegar ao percentual de 38,2% na oitava série do fundamental.

ENSINO MÉDIO - O atraso no ensino fundamental reflete também no ensino médio, já que na faixa etária de 15 a 17 anos, quando se espera que os estudantes já estejam cursando o ensino médio, a maioria (56%) deles continuava retida no fundamental. Mais uma vez, as desigualdades regionais são grandes. No Sudeste, o percentual de alunos de 15 a 17 anos ainda no ensino fundamental é de 42%. No Nordeste, é de 72%.

O IBGE não comparou a situação de 2004 com a de anos anteriores, mas as estatísticas do Inep (órgão de avaliação e pesquisa do MEC, Ministério da Educação) indicam que a reprovação e o abandono - principais causas da distorção idade/série - vêm aumentando no ensino médio. Em 2004, 15,3% dos alunos abandonaram o ensino médio, e 10,5% foram reprovados. São os maiores percentuais desde 1996.

"Há 10 milhões de crianças com mais de 14 anos que estão no ensino fundamental e não deveriam. Isso gera um custo de R$ 6,4 bilhões por ano, porque, quando o aluno repete, pagamos de novo para ele estudar. O pior é que essa reprovação em massa não está levando ao aprendizado", diz Viviane Senna, presidente do Instituto Ayrton Senna.

Para ela, os projetos desenvolvidos pelo instituto em conjunto com os Estados mostram que é possível diminuir as taxas de reprovação sem perda no aprendizado: "Há a tendência de culpar a criança ou de achar que ela é incapaz de aprender por vir de uma família pobre. Porém, trabalhando com essas crianças e com os mesmos professores, conseguimos bons resultados. O que mudou foi a escola".

COR OU RAÇA - O IBGE divulgou novos dados comparando o acesso à educação por cor ou raça. O dado que mais evidencia a desigualdade racial brasileira é o relativo ao percentual de estudantes de cada cor matriculados no ensino superior.

Do total de estudantes brancos de 18 a 24 anos, 46,6% estavam no ensino superior. Entre os pretos e pardos da mesma faixa etária, esse percentual cai para 16,5%.

No total da população, há 93,6 milhões de brasileiros que declararam cor branca, ante 87,4 milhões que disseram ser pretos ou pardos. Ou seja, o número de brancos é 7% maior que o de pretos e pardos.


Fonte: Folha Online

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