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Faça login ou cadastre-seO maior festival de inovação e arte dos Estados Unidos, o South by Southwest (SXSW) teve este ano um tema onipresente: inteligência artificial. Ufanismo, esperança, cautela e pessimismo se alternavam nos palcos para falar sobre o assunto, dependendo do intelocutor.
E não era para menos. A explosão do ChatGPT, lançado em novembro de 2022, fez o mundo perceber que não estamos falando do futuro. Mas do presente, da vida diária.
A IA está entre nós. Se seus efeitos serão positivos ou negativos, se servirá para tornar a vida mais simples ou apenas destruirá milhões de empregos e nos afastará dos seres humanos, só o tempo poderá dizer.
O SXSW, ou Southby como é conhecido, acontece anualmente em Austin desde 1987 (com um rápido intervalo como evento online determinado pela pandemia). Este ano, reuniu dezenas de milhares de pessoas entre os dias 10 e 19 de março. E os brasileiros formaram a maior delegação internacional.
O evento reúne conferências, shows musicais, lançamentos de filmes e séries de streaming. Se no ano passado o assunto era metaverso, em 2023 a inteligência artificial generativa (do tipo que aprende e cria) deu o tom.
Mas isso não significa que metaverso foi esquecido. Com a popularização da IA, o metaverso, universo virtual que busca reproduzir a realidade usando tecnologias como realidade virtual, realidade aumentada e internet, deve ganhar força.
Uma das grandes atrações do evento foi a entrevista feita com um dos criadores do muito citado ChatGPT. Greg Brockman é co-fundador da OpenIA, empresa que, além do ChatGPT desenvolveu também o sistema Dall.ee, que produz imagens geradas por IA.
Brockman atribuiu o estrontoso sucesso da sua ferramenta não ao fato de ela ser sofisticada (há outros sistemas que fazem o mesmo trabalho), mas pela simplicidade do uso. "A interface é muito simples, isso fazia o uso acessível a todos", comentou na sessão.
De fato, qualquer pessoa podia e pode se cadastrar e começar a interagir com o sistema, fazendo perguntas objetivas ou até mesmo travando diálogos filosóficos. Com visual similar a qualquer sessão de chat, é fácil usar.
Atualmente a ferramenta, que teve sua atualização de número 4 lançada no período do SXSW, tem versão free e versão paga.
O chat GPT angariou em dois meses o mesmo número de usuários que o TikTok demorou 9 meses para atingir: 100 milhões. Sobre o assombro que a popularização do uso da IA provocou, Brockman disse que as emoções humanas são insubstituíveis.
Em todas as sessões que se dedicavam a falar sobre futuro, IA era "o" assunto. De Amy Webb, do Futuro Totay Institute, a Mike Bechtel, da Deloitte, o desafio era tentar entender como sobreviveremos num ambiente onde as máquinas executam várias tarefas cognitivas melhor do que nós.
Possivelmente numa das sessões mais concorridas de todo o evento (algumas pessoas chegaram a passar 3 horas na fila) a CEO do Future Today Institute, Amy Webb, disse que a internet como a conhecíamos, um local onde buscávamos informações, acabou. "Hoje são os sistemas que buscam informações (dados) sobre nós", afirmou.
E isso pode ser usado em favor do nosso bem-estar, com as tecnologias nos assistindo e nos ajudando a pensar; ou pode ser usado para induzir a um consumo desenfreado com o uso dos nossos dados. Inevitavelmente vem à cabeça a série Black Mirror, em especial o episódio Fifteen Million Merits.
Caminhamos para o que Webb chamou de IAsmose, quando as IAs conversarão entre si e poderão trazer soluções e ferramentas nem imaginadas pela mente humana.
Outro futurista, Ian Beacraft (Signal/Cipher) disse que está surgindo uma nova classe de criadores, mais generalistas, uma vez que conhecimento especializado já não será tão necessário. Aqueles com ampla experiência e curiosidade apaixonada chegarão ao topo, opina.
Com IA, criadores individuais podem se tornar exércitos de uma pessoa só. A IA será a ferramenta que aumentará o desempenho de todos. E não necessariamente acabará com os empregos, mas aqueles com experiência e curiosidade apaixonada têm mais chance de chegar ao topo.
Isso deve provocar mudanças expressivas no mundo corporativo e deve exigir grandes disrupções na área de educação, estima Beacraft
O futurista vê a possibilidade de termos algum tipo de relacionamento com seres virtuais. Em alguns situações, poderá ser difícil saber se estamos interagindo com seres humanos ou digitais. Isso vale inclusive para as relações românticas.
As novas gerações deverão lidar de forma trivial com o relacionamento com avatares. Impossível não lembrar que estamos imitando a arte, de filmes como “Avatar”, “Her” e “Simone”.
O próximo passo pode ser o aparecimento de ferramentas que aprendem a usar e criar outras ferramentas. Coisas do mundo físico podem nascer no mundo digital. A modelagem do que queremos criar é muito mais fácil de iterar usando esses modelos.
Alguns têm visão pessimista desse mundo de IA tão presente. O escritor Douglas Rushkoff, autor de “Team Human” compara a IA com a segunda fase de colonização das Américas.
Na primeira fase vieram os missionários, que mapearam os povos locais, levando esses dados para a Europa. Numa segunda fase, conquistadores munidos desses dados dominaram facilmente esses territórios.
A primeira fase da era digital teria sido a das redes sociais, que capturaram nossos dados. Agora chegou a segunda fase, de sermos conquistados. Rushkoff apela para que desliguemos nossos aparelhos - celulares, computadores ou qualquer outro - e nos conectemos aos seres humanos.
Bem mais pragmático, John Maeda, vice-presidente de Design e IA da Microsoft (empresa que investe pesado no ChatGPT) acredita que a IA vai nos livrar de tarefas ˜chatas˜, como organizar calendário ou buscar dados em dezenas de websites, para nos dedicarmos a discutir estratégias e tomar decisões melhores.
Ian Breacraft também deu a sua visão sobre o metaverso, tema recorrente no festival de 2022 e que este ano parecia estar em segundo plano.
Para ele, o metaverso não será exatamente um ambiente virtual acessado por óculos, fones ou capacetes. Ele pode estar integrado à realidade física por meio de tecnologias de realidade aumentada. O metaverso deverá usar IA para projetar esse espaço virtual.
O metaverso se mostra muito promissor em áreas como entretenimento e saúde. A consultoria Gartner estima que, em 2027, cerca de 40% das grandes organizações devem estar usando uma combinação de Web3 e computação espacial em projetos baseados no metaverso para aumentar suas receitas.
Essa perspectiva fez a executiva Sandy Carter deixar o emprego como VP de parcerias estratégias na AWS, em 2021, para trabalhar na Unstoppable Domains, empresa que faz registro de domínios (urls) para a Web3.
“Pense em criar experiências imersivas que agreguem valor perceptível para seus clientes e consumidores. Experiências são a última forma de vantagem competitiva”, diz Carter.
E essas experiencias não vão se restringir às gerações mais novas. A adesão deve ocorrer também em pessoas mais velhas, segundo Carter. Sobre as novas gerações, ela alerta que essas pessoas já dão mais valor a bens virtuais do que físicos e que o momento está mudando de digital first para metaverse first.