Networking e marca pessoal: por que construir relações é tão importante para a carreira?
Co-fundadora na Quark, edtech pernambucana focada no desenvolvimento de habilidades comportamentais, Ana revela a chave para o sucesso do networking.

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“Quando a maré sobe, ela sobe para todo mundo.” Essa frase, que é quase um lema da Manguezal, comunidade de startups de Recife, resume muito bem a minha visão sobre como o networking (por mais clichê que esse nome pareça) funciona em ecossistemas de inovação: quando alguém cresce, o ecossistema ao redor cresce junto. E, para quem pensa em empreender em tecnologia ou até trabalhar em empresas da área, entender isso e assumir uma postura proativa logo cedo pode fazer toda a diferença.
Muita gente acha que construir relacionamentos profissionais é basicamente um exercício de trocar cartões e adicionar contatos no LinkedIn. Na prática, esse pode até ser o primeiro passo, mas criar conexões sólidas vai muito além: a ideia aqui é construir relações genuínas, baseadas em confiança, colaboração e proatividade. Adam Grant, autor do livro Dar e Receber, explica que quem prospera são as pessoas que genuinamente ajudam os outros — sem esperar algo imediato em troca. Oferecer apoio, compartilhar conhecimentos, abrir portas ou fazer uma ponte entre contatos pode ser o melhor investimento que você faz em qualquer momento da sua carreira.
Um aspecto que anda sempre muito próximo dessa construção de relacionamentos é a marca pessoal. Procurando uma definição rápida no Google (ou no ChatGPT), vamos achar que a definição de marca pessoal é: “Marca pessoal refere-se à imagem e à reputação que as pessoas têm de você, influenciada pelas suas palavras, ações e atitudes.” E aqui vai um ponto essencial: tudo comunica. Não é apenas o que você fala — é também o jeito como você se veste, os projetos que abraça, os cursos que faz, os eventos que participa. Tudo isso molda a percepção que as pessoas têm sobre você. Isso não significa que você precise se transformar em outra pessoa para “parecer profissional”; significa apenas estar consciente de que o mundo observa — e interpreta tudo aquilo que você expressa.
E aqui entra um lembrete: a ética (que muitas vezes parece um tema bem subjetivo) é superimportante. Warren Buffett, um dos maiores investidores do mundo, escreveu em uma das suas cartas a novos profissionais: “Leva 20 anos para construir uma reputação e 5 minutos para destruí-la.”
No mercado de trabalho, especialmente hoje, com redes sociais e grupos digitais, o acesso à informação é gigante. Ou seja: manter uma postura ética, respeitosa e colaborativa não é opcional — é indispensável. Um cliente ou parceiro satisfeito fala bem de você para 10 pessoas; um insatisfeito fala para mil. E essa impressão não vem só do seu trabalho técnico, mas principalmente do seu comportamento — sua postura no time, sua capacidade de lidar com pressão e conflitos. Uma imagem negativa normalmente é difícil de reverter.
Para ajudar quem está começando, aqui vão três passos práticos para investir no seu networking e na sua marca pessoal:
Ofereça antes de pedir — Quando conhecer alguém interessante, pense primeiro em como você pode ajudar: compartilhar um artigo, apresentar um contato ou até elogiar um projeto. Pequenos gestos criam grandes conexões.
Seja intencional sobre o que comunica — Escolha bem os eventos que frequenta, os cursos que faz, o que posta nas redes sociais. Pergunte-se: isso está alinhado com a pessoa e profissional que quero ser?
Cultive com constância — Mantenha contato com as pessoas, mesmo quando não precisar delas. Um “oi” de vez em quando, um parabéns por uma conquista ou um comentário genuíno em uma rede social já fazem diferença.
E um alerta importante: networking não é uma corrida de 100 metros, e sim uma maratona. Às vezes, um contato feito hoje só vai gerar frutos meses ou até anos depois. Você nunca sabe de onde pode vir uma oportunidade — mas sabe que, sem plantar essas sementes, nenhuma árvore cresce. O segredo está em cultivar as relações com paciência e propósito.
Networking, acima de tudo, exige proatividade. Disponibilizar seu tempo para ajudar colegas, participar de projetos coletivos e voluntários, contribuir sem esperar algo em troca — tudo isso gera valor e fica na memória das pessoas. Quem ajuda de forma generosa costuma ser lembrado (e recompensado) mais cedo ou mais tarde.
E algumas dicas finais sobre esse tema são:
Comece desde cedo — Procure eventos gratuitos na sua área: hackathons, meetups, palestras. Vá não só como espectador, mas como participante ativo. Compartilhe seus aprendizados no LinkedIn para ampliar sua rede digital, que provavelmente é muito maior que a presencial.
Quem não é visto, não é lembrado — Você não precisa ser um influenciador digital, mas manter suas redes atualizadas com suas atividades profissionais faz com que as pessoas lembrem de você.
Não desvalorize seu conhecimento — A gente tende a achar que o que sabe é básico, mas sempre há alguém que pode aprender com você. Mesmo durante a graduação, você já acumula experiências valiosas. Compartilhe o que sabe, discuta temas do seu interesse, conte sobre projetos e aprendizados. Isso ajuda a construir sua marca e atrair conexões relevantes.
Ao contrário do que muita gente pensa, networking e marca pessoal estão longe de ser autopromoção. São sobre criar relações genuínas, contribuir para o crescimento do outro e, no processo, crescer junto. No final das contas, o resumo geral desse tema é: quando a maré sobe, ela sobe para todo mundo.