GOLPE UBER

GOLPE DO CHEIRO UBER: casos ainda são cercados de mistérios

Sem a conclusão dos inquéritos, muitos mistérios ainda cercam as denúncias sobre o novo GOLPE DO CHEIRO, UBER

Julianna Valença
Julianna Valença
Publicado em 16/07/2022 às 11:30
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GOLPE DO CHEIRO UBER FOTO: UNSPLASH
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A pouco mais de um mês das primeiras denúncias do que seria o "GOLPE DO CHEIRO" no Recife, muitas perguntas sobre o caso seguem sem respostas. Sem a conclusão dos inquéritos, mistérios ainda cercam as denúncias.

Dentre as perguntas que ficam sem respostas estão: Por que o motorista do UBER não se afeta com o cheiro do químico? Qual produto seria usado para desmaiar as vítimas? Quais medidas de segurança as passageiras podem tomar para evitar cair no golpe do cheiro?

VÍTIMAS DENUNCIAM NOVO GOLPE APLICADO POR CRIMINOSOS

No dia 4 de junho a reportagem do NE10 teve acesso ao relato de duas jovens moradoras do Grande Recife que disseram serem vítimas do que seria o novo golpe aplicado por criminosos, que se passavam por motoristas do UBER.

As jovens afirmaram passar mal após sentir um cheiro muito forte dentro do carro e a visão ficar turva, além de notar conduta suspeita dos motoristas.

"Eu olhei para o retrovisor e ele (motorista) estava olhando pra mim pelo espelho, como se estivesse esperando algo. Daí caiu a minha ficha. Se eu ficasse mais um segundo lá, iria desmaiar", disse Laura*, 22.

"Entrei no carro e já senti um cheiro doce muito forte, mas não desconfiei de nada. Quando ele parou no sinal foi que percebi que estava muito tonta, não conseguia prestar atenção no que eu estava escrevendo no celular", relata Aline*, 21.

Leia o relato completo (clicando aqui)

O caso das jovens não foi isolado. No mesmo período, uma série de denúncias nas redes sociais parecidas tomaram a internet. Mulheres de todos os lugares do Brasil denunciavam a conduta semelhante de intoxicação por uma substância.

PASSAGEIRAS SÃO CONDENADAS A PAGAR IDENIZAÇÃO A MOTORISTA APÓS DENÚNCIAS

Duas das mulheres que denunciaram os casos foram condenadas a pagar indenização a um motoristas de aplicativo. Segundo a jornalista Letícia Paiva, do portal Jota.Info, cada uma delas teve que pagar R$10 mil ao motorista por denunciarem o possível golpe nas redes sociais.

As mulheres compartilharam foto do veículo e do condutor.

O inquérito do caso constatou que o produto suspeito era álcool 70º com essência de canela – substâncias incapazes de provocar inconsciência.

Segundo a juíza responsável pelo caso, a acusação na internet antes do resultado de laudo sobre o álcool foi “desmedida, abusiva e manifestamente ilegal”.

INVESTIGAÇÕES EM PERNAMBUCO AINDA SEGUEM EM ABERTO

Há 33 dias do registro do primeiro boletim de ocorrência por uma das vítimas, as investigações sobre o possível golpe ainda estão sem conclusão.

Questionada pela reportagem do NE10, a Polícia Civil de Pernambuco (PCPE) disse que os inquéritos têm o prazo de 30 dias para serem concluídos, podendo ser prorrogados. No entanto, não deu mais detalhes sobre nenhuma das apurações, para não "atrapalhar o curso das diligências."

No último dia 10 de junho, a PCPE havia informado que estava investigando os casos reportados à polícia, por meio de Boletim de Ocorrência, sobre golpes aplicados por motoristas de aplicativos.

Segundo o órgão, mais um B.O foi registrado.

O QUE DIZ A UBER SOBRE O "GOLPE DO CHEIRO?"

Procurada pela reportagem do NE10, a empresa Uber disse tratar das denúncias "com a máxima seriedade" e que "avalia cada caso individualmente para tomar as medidas cabíveis".

"Nos colocamos à disposição das autoridades competentes para colaborar, nos termos da lei. De qualquer forma, a única denúncia dessa natureza relativa a viagens no aplicativo da Uber que já teve a investigação concluída pela Polícia, até onde temos conhecimento, ocorreu em Canoas (RS) e o caso foi encerrado após o inquérito policial, já que, de acordo com as autoridades, não houve elementos de prática de crime", declarou a empresa em nota.

A associação de motoristas de aplicativo também se pronunciou. Questionam a veracidade dos relatos, classificando como "desinformação", e apontam "falta de provas materiais". Veja íntegra da nota:

A AMAPE - Associação dos Motoristas e Motofretistas por Aplicativos de Pernambuco, vem a público esclarecer:

1 - Está circulando nas redes sociais, DESINFORMAÇÃO, a cerca de supostos casos de tentativa de intoxicação com gás, em carro de aplicativo.

2 - Além de informações desencontradas, se percebe claramente que não há nenhum tipo de prova material.

3 - Temos recebido relatos de exposição de motoristas, sem provas, em redes sociais, o que caracteriza crime de calúnia contra estes profissionais, além da divulgação de informação falsa.

4 - Uma plataforma, informou, através de posicionamento, que até agora, só existe um caso, no Rio Grande do Sul, que teve o inquérito encerrado por falta de prova.

5 - Por isso, nossa orientação é que os motoristas de aplicativos de Pernambuco gravem em áudio e vídeo, todas as viagens.

6 - Vale uma reflexão: o gás não afetaria também o motorista?

*Os nomes verdadeiros foram alterados nesta reportagem preservar a identidade das vítimas

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